São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
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Ciro diz que pode elevar juro para "salvar" plano

ANTONIO CARLOS SEIDL; ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 19/10/94

Diferentemente do que foi publicado, jiló se escreve com J e não com G.
O ministro Ciro Gomes (Fazenda) disse ontem que o governo pode aumentar os juros ``lá para o céu" e restringir o crediário para ``salvar o Plano Real".
Essas medidas podem ser adotadas para evitar que o aquecimento da demanda no final do ano provoque alta da taxa de inflação.
O ministro disse que a maior preocupação da equipe econômica é garantir o equilíbrio entre a oferta e a procura nos próximos três meses, quando o pagamento do 13º salário e o Natal podem pressionar os preços.
Ciro fez essas declarações em São Paulo, onde participou de reunião da Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados).
O ministro disse que há apenas três maneiras de se conter a demanda. As duas primeiras, disse, já estão sendo adotadas: o choque de oferta com a facilitação das importações e os pedidos para que o consumidor reduza as compras.
Segundo ele, se elas não surtirem efeito, o governo vai recorrer a medidas coercitivas: ``Podemos aumentar o juro lá para o céu e impor restrições ao crediário", afirmou. ``Não quero fazer isso, mas faço se necessário para salvar o Plano Real."
O ministro chegou a admitir, junto com o aumento dos juros, a possibilidade de limitar o prazo das vendas a crédito a 60 dias e disse que estas medidas seriam um remédio ``amargo como o giló".
Questinado sobre qual patamar de juro ele definiria como ``no céu", o ministro disse que não há teto no céu.
Para enfatizar a disposição do governo em combater a inflação, Ciro Gomes fez a seguinte declaração aos empresários: ``Se, por acaso, tiver alguém achando que a minha carinha é de bobo, saiba que o manual está pronto."
Ciro disse que vai se reunir, durante esta semana, com empresários do setor têxtil e com fabricantes de aparas de papelão para discutir as pressões por aumentos de preços nestes dois segmentos.
Segundo ele, se o diálogo não surtir efeito, o Ministério da Fazenda tomará medidas para aumentar a oferta interna dos produtos. As medidas, afirmou, serão a redução das alíquotas de importação e até a adoção de imposto sobre as exportações.

Processo
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu prazo de 15 dias para Ciro responder à acusação de injúria do ex-governador Orestes Quércia.
Em setembro Ciro declarou que procuraria os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola para conversar porque eram ``homens de bem" e que não procuraria Quércia ``por não estar no mesmo patamar moral" dos dois.

Colaborou a Sucursal de Brasília
LEIA MAIS sobre juros e dólar na pág. 2-1

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