São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 1994
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Governo leiloa 115 mil toneladas de arroz

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo vendeu ontem, em leilão, 115 mil das 242,5 mil toneladas de arroz ofertadas. A previsão do mercado é que o leilão, que continua hoje, traga uma estabilização e até uma queda no preço do arroz em casca.
"como os preços do leilão foram cerca de R$1,5 abaixo dos de mercado, a tendência é de estabilização dos preços, com alguma queda", diz Walter Winger, analista da Safras & Mercados.
O arroz tipo agulhinha, por exemplo, foi leiloado entre R$ 10,60 e R$ 11 a saca de 50 quilos. No mercado, está cotado entre R$ 12 e R$ 12,50 ao produtor.
Segundo Winger, o leilão reverteu o ``nervosismo do mercado" causado pela pequena oferta consequente da entressafra e estiagem prolongada.
``Os preços do arroz em casca já subiram 20% desde agosto no atacado", afirma Winger.
Guilherme Dias, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), diz que o de arroz nãoi enfrenta escassez no mercado. "A safra foi boa e há ainda o importado, que está chegando da China com preços competitivos.
Segundo Dias, os leilões são o instrumento do governo para evitar explosões de preços durante a entressafra. Ele explica que a seca prolongada e o consequente atraso de plantio têm levado o mercado a reter seus estoques.
Amanhã, o governo vai leiloar 166,4 mil toneladas de milho. O leilão deve brecar a alta do produto. Aldemar Tavares, analista de Cereal da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), diz que o leilão deve tranquilizar o mercado e brecar a alta do produto.
Ontem a saca de 60 quilos do milho era cotada entre R$ 8,60 e R$ 8,8. Na semana passada, o preço variou entre R$ 8,5 e R$ 8,7.
Na sexta, serão leiloadas 5,2 mil toneladas de feijão. No mercado a informação é que os estoques do governo é pequeno e formado por feijão velho (mais de quatro anos).
Ontem, o feijão carioquinha extra foi comercializado entre R$ 50 e R$ 52 a saca de 60 quilos em São Paulo. Há 15 dias, a saca era cotada a R$ 74.
Menos plantio
A escassez na oferta de feijão deve aumentar a partir de dezembro. Os produtores do Vale do Paranapanema (maior região produtora do Estado) decidiram reduzir até 30% o plantio e trocar a cultura pelo milho e pela soja.
O motivo da troca, segundo Flávio de Almeida, da Secretaria da Agricultura, é que amanhã termina o prazo de plantio do feijão das águas no Estado. ``Isso significa que o feijão não terá mais seguro rural e para não correr riscos os produtores trocam de lavoura."

Colaborou a Agência Folha

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