São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Hamas prega o fim do Estado judaico

DA REDAÇÃO

O grupo radical islâmico Hamas, autor do atentado a bomba de ontem, é o principal opositor, do lado palestino, ao acordo de paz do ano passado entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Fundado em 1987, o grupo prega a eliminação do Estado de Israel. Hamas significa "ardor", mas a palavra é também formada pelas iniciais em árabe de Movimento de Resistência Islâmico.
No início o Hamas foi tolerado e até incentivado pelas autoridades israelenses, com o objetivo de dividir os palestinos.
O grupo não se dedica apenas à luta armada. Suas principais atividades são de assistência social e educação, inclusive religiosa.
Durante a Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense), o Hamas e a OLP agiram juntos –parceria dissolvida com a assinatura do acordo Israel-OLP.
O Hamas já teve cerca de 40% de apoio da população dos territórios ocupados por Israel. Hoje, segundo pesquisas de institutos israelenses, tem por volta de 10% de simpatizantes –o coração do grupo, mais radical.
Além de ser um ataque contra o acordo de paz, a bomba de ontem seria parte de uma lista de vingança contra Israel pelos atentados dos outros grandes opositores do acordo, os radicais israelenses.
Pouco depois do massacre de 29 palestinos por um colono judeu, em Hebron (Cisjordânia), no começo do ano, um panfleto do Hamas anunciou uma vingança }em cinco fases.
A se acreditar no panfleto, o ataque de ontem cumpriu o roteiro terrorista.
Depois do atentado, dezenas de israelenses promoveram um protesto diante do Ministério da Defesa, onde o premiê Yitzhak Rabin estava reunido com generais.
"Morte a Rabin", gritavam os manifestantes, que prometiam uma vigília diante dos portões. Dezoito deles foram presos.
A primeira resposta do Estado judaico à bomba foi o fechamento dos territórios ocupados.
A medida, tradicional, é ao mesmo tempo preventiva (reforço de segurança) e punitiva (dezenas de milhares de palestinos de Gaza e Cisjordânia ficam sem poder chegar ao trabalho em Israel, e geralmente deixam de ganhar o salário do dia, principal fonte de renda dos palestinos).
Mas a outra habitual reação israelense –promover buscas, derrubar casas, prender suspeitos– está limitada pelo próprio acordo de autonomia palestina.

Com agências internacionais

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