São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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'Pensei que era um Scud'

DA ``REUTER"

`Pensei que era um Scud'
A primeira idéia que ocorreu a dois dos passageiros do ônibus da linha 5 de Tel Aviv que sobreviveram à explosão foi sair rapidamente dali. Eles temiam uma segunda bomba.
``Abri meus olhos e fui pular pela janela, porque tinha medo de uma segunda explosão. Mas as janelas não estavam mais lá", relatou Shmulik Sadan, 28, na enfermaria do hospital Ichilov.
``Primeiro eu não conseguia me mover, por causa do choque, mas meu cérebro me forçou a ir para as janelas e sair. Eu temia outra explosão", disse uma jovem que se identificou apenas como Marina.
``Nem achei que era uma bomba, pensei que fosse acidente. Aí tudo ficou preto. Vi uma mulher voando pela janela. Vi que ela não estava viva. Havia sangue em toda parte", disse Marina no hospital.
Shimon Ohana, acordado em seu apartamento pela explosão ocorrida logo em frente, pensou que uma guerra havia começado. ``As janelas da varanda se espatifaram e eu pensei que era um Scud", disse ele, lembrando os mísseis que o Iraque disparou durante a Guerra do Golfo.
``Vi corpos na calçada, pretos, queimados. Um corpo sem pernas foi lançado fora do ônibus e caiu perto do quiosque. O motorista ficou sentado lá dentro, completamente carbonizado", contou ele.
Pedaços de corpos ficaram espalhados. ``A gente não sabia se estava andando sobre carne humana ou não", disse Reuven Mozer, que ajudou no resgate dos feridos.
As reações variaram. ``Deveríamos matar todos os árabes e terminar as conversações de paz", afirmou o camelô Yitzhak Sharizad, que trabalha perto do local.
``Deveríamos fechar os territórios e não deixá-los entrar em Israel. Quem atravessasse a fronteira seria morto", disse Oren Rosenburg, motorista da empresa Dan, a que pertencia o ônibus destruído.
No hospital, Sadan Schmulik opinou: ``Apesar de o processo de paz estar custando muitas vidas para nós, acho que deveríamos continuar, e não parar."

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