São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994![]() |
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O preço da democracia É acertada a decisão do TRE carioca de reconvocar os eleitores para votar para os cargos proporcionais no próximo dia 15. Foi de fato um triste e deplorável espetáculo constatar que houve fraudes generalizadas no pleito de um dos Estados mais desenvolvidos da União. Tampouco se pode negar que o TRE carioca cometeu falhas na organização das apurações, o que acabou permitindo que os fraudadores agissem com tamanha desfaçatez, a ponto de comprometer o resultado das urnas. De qualquer forma, a decisão do TRE tem o mérito indiscutível de procurar restabelecer a vontade popular, que é o espírito mesmo da democracia. É claro que o episódio está longe de ver-se encerrado. Muitos dos deputados federais e estaduais ora eleitos deverão entrar com ações jurídicas para tentar impedir a realização do novo pleito. Mas parece difícil que o TRE carioca tenha decidido convocar novas eleições sem algum sinal verde do TSE, que, de resto, acompanhou de perto o processo e confirmou as fraudes. Essa lamentável ocorrência, que chega até mesmo ao ponto de arranhar a imagem da democracia brasileira, serve como mais um alerta para a obsolescência do atual sistema de votação e contagem de cédulas. É evidente que a possibilidade de fraude cresce quando os votos são manuseados por escrutinadores e os resultados passam por digitadores antes de ser totalizados. O pior é que já existe uma tecnologia que reduziria drasticamente a possibilidade de adulteração da vontade popular: a informatização das urnas. De fato, essa inovação eliminaria todo o processo de contagem manual dos votos e permitiria que se obtivessem os resultados finais quase que instantaneamente. Seria, é óbvio, um investimento grande. Mas é o preço a pagar para preservar a própria democracia. Texto Anterior: Devagar e de longe Próximo Texto: A voz de FHC Índice |
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