São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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FHC diz que não pretendia ir à cúpula

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPEST

O presidente eleito Fernando Henrique Cardoso não pretende participar da Cúpula das Américas, convocada pelo presidente norte-americano Bill Clinton para os dias 9 a 11 de dezembro em Miami (EUA).
FHC disse ontem, em Budapest (Hungria), que vai discutir a sua participação ou não com Itamar Franco, tão logo regresse ao Brasil, mas já antecipa uma reduzida disposição para ir a Miami.
O presidente eleito acha que seria ``esquisita" a situação a ser criada em Miami com dois presidentes brasileiros presentes, um em funções, mas a 20 dias do final de mandato, e outro na véspera da posse.
Além disso, FHC entende que os assuntos que gostaria de tratar com as autoridades norte-americanas seriam mais corretamente abordados em Washington e não durante um evento como o de Miami.
``Para mim, acabaria sendo um evento social", calcula FHC.
A Cúpula das Américas criou uma pequena tormenta diplomática triangular, entre FHC, Itamar e o governo norte-americano.
O presidente atual reclamou anteontem do diálogo direto entre Clinton e FHC e, ontem, sua assessoria deixou claro que ele não pretende dividir com o sucessor as atenções durante o encontro de cúpula.
FHC acompanha de longe a tormenta, sem entendê-la direito. Afinal, desde antes da eleição, o governo norte-americano já abrira a possibilidade de reservar dois lugares presidenciais para a delegação brasileira: um para Itamar e outro para o presidente eleito, fosse qual fosse.
No telefonema trocado entre Clinton e FHC, na quarta-feira, o presidente norte-americano voltou a insinuar que o Departamento de Estado trataria com a chancelaria brasileira da dupla presença.
FHC avisou Itamar do telefonema e dessa possível negociação, razão pela qual não entende o ruído que está havendo no Brasil em torno do tema. Acha que o mal-entendido deve ter se originado de uma pergunta mal formulada ao presidente.
FHC já decidiu incluir os Estados Unidos no roteiro de sua viagem como presidente eleito, no final de novembro.
Mas prefere diálogos bilaterais, que acha mais proveitosos do que encontros no intervalo das sessões da Cúpula das Américas, da qual participarão todos os presidentes latino-americanos, exceto o cubano Fidel Castro.
A relação de países que FHC visitará em novembro ainda não está definida. A única coisa certa é que deixará para ir à Alemanha depois de tomar posse.

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