São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Apelidos `suavizam' criminosos cariocas

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A nova geração da criminalidade no Rio tem como uma de suas características mais conhecidas o uso de apelidos engraçados ou incompreensíveis.
Dois dos apontados pela polícia como novos chefes de quadrilhas se encaixam nesse perfil de maneira perfeita: Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, e Luís Cláudio Gomes, o Pão Com Ovo.
Os agentes da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil desconhecem a origem do apelido Uê, como também não sabiam a razão de Gomes ser conhecido por Pão Com Ovo.
Há 15 dias, Pão com Ovo foi preso e o mistério acabou. O apelido se deve à mistura de ovos crus e miolo de pão consumida por ele ao acordar.
``Até aqui na cadeia ele pede essa gororoba", disse um dos carcereiros da delegacia de Niterói (cidade a 15 km do Rio).
Pesquisa informal do Departamento do Sistema Penitenciário revela que criminosos veteranos costumavam ser apelidados com diminutivos dos nomes ou de acordo com algumas peculiaridades físicas.
Desta forma, Darcy dos Santos virou Cy, José Carlos Gregório é o Gordo e Paulo Roberto de Moura, vulgo Meio Quilo, ainda é ídolo no Jacarezinho (zona norte), mesmo morto há seis anos.
Apelidos surpreendentes se tornam óbvios após explicados. Preso há uma década, William Lima é o Professor, tido pela polícia como um dos ideólogos da facção criminosa carioca CV, o Comando Vermelho.
Depois dele, a polícia já listou mais três presos com o mesmo apelido. Também há três Di Menor fichados no Desipe. Todo caçula de um bando passou a ser chamado de Di Menor pelos seus comparsas.
A história de Bebezão ou Bebê Gigante, apelidos de Leandro Marques da Costa, expulso da polícia após ser acusado de atuar no grupo de extermínio ``Cavalos Corredores", é mais violenta (leia textos abaixo).

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