São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Niemeyer faz torre ao lado do Corcovado

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 24/10/94

O prefeito do Rio de Janeiro é César Maia, e não Marcello Alencar, como informou incorretamente esta reportagem.
Erramos: 25/10/94

O nome do arquiteto Oscar Niemeyer foi grafado incorretamente nesta seção.
O arquiteto Oscar Niemeyer, 87, projetou para a Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações) no morro do Sumaré, entre a Tijuca e Jardim Botânico, no Rio, uma torre de transmissão de 220 metros de altura.
A torre de Niemeyer vai substituir outras torres, que serão desativadas, numa tentativa de despoluir visualmente o contorno dos morros cariocas.
Segundo o arquiteto, o pedido de uma só torre que centralizasse as transmissões da Embratel partiu do prefeito do Rio, César Maia.
``Pelo que me disseram, foi o prefeito que sugeriu ao presidente da Embratel, Renato Archer, o fim das diversas torres que enfeiam o morro", diz.
Niemeyer conta que sua maior preocupação nos dez dias que demorou desenhando a torre foi com a plasticidade da obra.
``Não quis criar elementos pendurados, penduricalhos que normalmente colocam nas torres. Queria uma forma pura, bonita, que fosse crescendo e aumentando, que fosse elegante", afirma.
Ao contrário da maioria das torres que têm a base mais larga que o restante do corpo, a torre projetada por Niemeyer começa fina, com um diâmetro de 15 metros e, quando chega a uma altura de 100 metros, passa a ``engordar" –como define o arquiteto.
Neste ponto, chega a ter 40 metros de diâmetro. Depois, vai afinando novamente até chegar aos iniciais 15 metros de diâmetro.
No meio da torre, quando ela se alarga, Niemeyer projetou um restaurante panorâmico com pé direito duplo. Mais acima fica um salão de exposição. Sobre o salão, um belvedere (mirante). O arquiteto não sabe ainda que tipo de trabalhos o salão de exposição deve abrigar.
O corpo da torre, que vai ser executado em concreto aparente a partir de um sistema de fôrmas deslizantes, medirá 180 metros. Os 60 metros restantes serão utilizados pelos equipamentos de metal da Embratel.
Niemeyer aceita, bem-humorado, uma comparação de sua torre com o design de uma lança usada por cavaleiros nos jogos medievais.
Ele acredita que, por ficar do lado do morro do Corcovado (onde se localiza a estátua do Cristo Redentor) e por ser um projeto bonito, a torre terá grande potencial turístico.
Niemeyer afirma que o projeto já foi aprovado pela Embratel e que foi feito de acordo com as necessidades técnicas da empresa. Uma idéia da dificuldade de se construir no morro do Sumaré: os ventos atingem velocidade de até 300 km por hora.
Oscar Niemeyer não sabe dizer em quanto tempo seu projeto será construído e nem quanto custará. ``Não tenho a menor idéia de custo, mas a construção é bem mais simples do que a de um prédio. Deve sair rápido".
A torre desenhada por Niemeyer, com 220 metros, é cerca de 80 metros mais baixa que a centenária torre Eiffel, de Paris.
Além de ter projetado Brasília na década de 50, o modernista Oscar Niemeyer tem em seu currículo, entre outros projetos, o parque da Pampulha, em Belo Horizonte, o Memorial da América Latina, o edifício Copan e o parque Ibirapuera, todos em São Paulo.

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