São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Sequestrado relata suicídio de assaltante em Campinas

SARA SILVA
DA FOLHA SUDESTE

O analista de sistemas José Aníbal Ferreira, 36, de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), escapou da morte na última terça-feira, depois de ver um assaltante suicidar-se na sua frente.
Ferreira foi rendido com sua família dentro de casa por dois assaltantes. Com a chegada da polícia, ele, a mulher Siomara, 36, e as filhas Maitê, 5, e Maísa, 1, foram mantidos como reféns e levados dentro de um carro.
Na fuga, o carro bateu em um poste. O motorista fugiu com Siomara. Ferreira e as filhas ficaram com o outro assaltante.
Os três presenciaram então o suicídio do assaltante, mais tarde identificado como Israel Soares, 27, que atirou na cabeça e caiu no peito de Maitê. Siomara foi abandonada mais tarde.
A seguir, os principais trechos da entrevista de Ferreira.
Folha - O que o sr. sentiu?
José Aníbal Ferreira -Primeiro muito medo, um medo que passa a ser pânico, sempre pensando na vida das minhas filhas e da minha mulher.
Folha - O que os assaltantes falavam?
Ferreira -Eles queriam abrir um cofre que eu não usava para nada. Em determinado momento, me amordaçaram e disseram que iam ter relação sexual com minha filha menor e com minha mulher. Foi a pior situação.
Folha - O que houve depois?
Ferreira - Eles ficaram espantados quando ouviram a sirene da polícia e muito mais quando a campainha tocou. Eu pedi que me levassem sozinho, mas decidiram levar toda a família.
Folha - Depois do acidente, como foi dentro do carro?
Ferreira - O assaltante disse: agora vou matar vocês e apontou a arma. Eu pedi para ele não fazer nada e sugeri sair com minha filha menor, que ele me abraçasse e entregasse a arma na minha mão, assim a polícia não atiraria nele.
Então ele apontou a arma para a cabeça das meninas e para mim. Disse que ia se matar. Eu pedi para não fazer nada. Ele respondeu: não quero ser preso de novo, vou me matar. Eu virei o rosto, ele ficou pensando um tempo, atirou e caiu no peito de Maitê.

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