São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Túnica e boné simbolizam era

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Vestido ```a la Mao", o aposentado Ma Jung, 68, passeia pela rua Hujialou Najie, no centro da capital chinesa, onde estão diversas lojas de roupas militares.
``Uso a túnica e o boné porque eles são para mim um símbolo de uma era", diz. ``Lutei na Guerra de Libertação, quando os comunistas chegaram ao poder e tenho saudades daqueles tempos".
Mas quem faz a mesma opção de vestuário que ele enfrenta dificuldades para achar o uniforme.
A túnica tem gola arredondada, que pode ser fechada com colchete até o alto e quatro grandes bolsos (dois superiores e dois inferiores) com botões.
Geralmente a túnica é vendida com a calça (de corte reto) confeccionada no mesmo tecido, formando um conjunto.
Nem mesmo a loja de artigos militares da fábrica 3501, que também fica na Hujialou Najie, oferece a túnica e o boné.
A loja vende novas fardas de lã do Exército chinês por 179 yuan (US$ 21,5), um cantil por 18 e prendedores de gravatas dourados com a estrela vermelha por 5,8. Quepes e botas se espremem nas prateleiras empoeiradas.
Na China dos contrastes, a túnica e o boné desapareceram das lojas, agora sofisticadas, que ocupam a Jianguomen e a Wengfuging, duas das principais artérias comerciais de Pequim.
Em vez da marca Mao Tse-tung, prevalecem as etiquetas da moda ocidental.
Entre as várias lojas que chegaram à China com as reformas econômicas, está o CVIK Center, um luxuoso complexo de sete andares que oferece estandes da marca Pierre Cardin ou Benetton.
Na porta, ambulantes oferecem filhotes de cachorros, uma coqueluche entre os novos ricos chineses, assim como o telefone celular.
Para se chegar ao CVIK Center, é preciso enfrentar o trânsito caótico das bicicletas da Jianguomen e alguns pedintes que esperam os ricos clientes.
Dentro da loja, um paletó de lã Pierre Cardin sai por 6.160 yuan, num preço que não faz lembrar as túnicas do camarada Mao.
(JS)

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