São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994 |
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`Uniforme' desaparece de Pequim
JAIME SPITZCOVSKY
Hoje, terno e gravata ou camisas coloridas ditam a moda e transformam o uniforme maoísta numa mercadoria impossível de ser comprada nas sofisticadas lojas do centro de Pequim. Dirigente do país de 1949 até sua morte em 1976, Mao Tse-tung usou o boné e a túnica para encarnar a idéia de uma China igualitária, moda que atingiu seu apogeu durante a Revolução Cultural (1966-1976). Nesse período, as idéias maoístas tomaram um contorno mais radical e repressivo. ``Era muito monótono ver quase todo mundo vestindo o mesmo modelo", conta o alfaiate Wang Chian, de 71 anos. Diretor de uma loja de roupas militares em Pequim, Wang observa que a ``vida tem muito mais cores" do que o verde, cinza, preto ou azul das túnicas de Mao. Wang tira uma túnica da prateleira de sua loja. Enquanto a abre sobre o balcão, conta que esse modelo, que custa 30 yuan (US$ 3,6), se tornou o preferido de quem ``faz trabalho pesado, como o pessoal da construção civil". ``A túnica é barata, muito resistente e também por isso fica mais popular nas zonas rurais do que nas grandes cidades", afirma. Perguntado sobre as vendas, Wang diz não ter as cifras exatas e opina: ``Hoje ninguém mais compra por motivos políticos". Desde 1978, o governo chinês implementa reformas que injetam o capitalismo no país, fórmula que o Partido Comunista prefere chamar de ``economia socialista de mercado". Para os saudosistas, o ``uniforme", composto por túnica e boné, acaba também como guarda-roupa daqueles que enfrentaram os tempos do ``comunismo romântico". Texto Anterior: Coréia do Sul nega petróleo ao norte Próximo Texto: Túnica e boné simbolizam era Índice |
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