São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Crise começou com a rebelião em Chiapas

DA REDAÇÃO

Uma rebelião indígena armada no Estado mais pobre do país e o assassinato de dois dos mais altos dirigentes do PRI, partido que governa o México desde 1929, jogaram o país numa crise sem precedentes em 1994.
A crise começou na madrugada de 1º de janeiro, quando o até então desconhecido Exército Zapatista de Libertação Nacional atacou em seis cidades de Chiapas.
O EZLN declarou guerra ao Nafta, exigiu a renúncia do governo de Carlos Salinas de Gortari e realização imediata de reformas no sistema eleitoral.
A repressão do governo deixou cerca de 150 mortos, de acordo com dados oficiais. Houve diversas denúncias de massacres e excessos por parte do Exército e pressões de fazendeiros locais contra o bispo local, que atuou como mediador de conversações entre os guerrilheiros liderados pelo ``subcomandante Marcos" e o governo.
Em 23 de março, o candidato do PRI à Presidência, Luis Donaldo Colosio, foi assassinado a tiros durante um comício em Tijuana, cidade na fronteira com os EUA.
Apesar da prisão do autor dos disparos e das suspeitas de um complô, nada foi provado.
O substituto de Colosio, o ex-ministro e ex-chefe da campanha Ernesto Zedillo, foi eleito presidente em 21 de agosto. Ao contrário de eleições anteriores, não houve acusações de fraude generalizada contra a vitória do PRI.
Em 28 de setembro, o secretário-geral do partido, José Francisco Ruiz Massieu, foi morto com um tiro no pescoço em pleno dia, quando saía de um hotel no centro da Cidade do México onde havia se reunido com deputados. O autor do disparo foi preso em flagrante.
Ruiz já havia sido indicado para ser o líder da bancada priista no novo Congresso. Tanto ele como Colosio eram contados entre os políticos reformadores do PRI. Nos dois casos, tanto os ``dinossauros" do partido como os cartéis do narcotráfico apareceram entre os suspeitos.
Um assessor do deputado Manuel Muñoz Rocha, do PRI, foi preso e confessou participação no planejamento do crime. Outros parlamentares do partido estariam entre os envolvidos. Entre os suspeitos também haveria pessoas ligadas ao narcotráfico.

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