São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994 |
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Código de honra explica suicídios
RICARDO BONALUME NETO
Ela explica não só o kamikaze, mas o comportamento fanático de absolutamente todo soldado, marinheiro ou aviador japonês na guerra com os americanos de 41 a 45. O militar japonês já lutava de modo suicida. Tornar-se prisioneiro era a suprema desonra. O ``bushidô" é um código não escrito. O guerreiro deve seguir um caminho de honra, autodisciplina, bravura e vida simples, mas, principalmente, conseguir uma morte digna. ``O bushidô significa a morte. Significa escolher a morte sempre que há uma escolha entre vida e morte. Não significa nada além disso", escreveu o japonês Yamamoto Tsunenori no século 17. Esse código foi encorajado no Japão moderno. Face à primeira derrota do Japão em uma guerra, em 1944, foi natural a evolução aos kamikaze. Com o sacrifício de um piloto e um avião poderia ser destruído um grande navio. A idéia dos kamikaze surgiu com o capitão Eiichiro Jyoo e com o almirante Takijiro Onishi. Este último formou a primeira Unidade Especial de Ataque, que estreou com sucesso na batalha do golfo de Leyte, durante a retomada das Filipinas pelos americanos. A Marinha dos EUA foi pega de surpresa por aviões que não desviavam depois de atirar, mas se estatelavam em seu alvo. O porta-aviões leve Saint Lo foi afundado em 25 de outubro de 1944; os porta-aviões leves Santee, Suwanee, Kitkun Bay e Kalinin Bay foram danificados. A grande hora dos kamikaze foi a defesa da ilha de Okinawa em abril de 1945. Cerca de 2.000 ataques-suicida afundaram 36 navios e danificaram outros 368 da frota americana. A Marinha dos EUA conseguiu derrotar os kamikaze usando uma proporção maior de aviões de caça. Morreram 4.907 marinheiros e 4.824 ficaram feridos. Os japoneses desenvolveram também submarinos e barcos ``kamikaze". O maior ``kamikaze" de todos foi o couraçado Yamato, que tentou atacar a frota em torno de Okinawa com combustível só para a viagem de ida. Os soldados em Okinawa também agiram como kamikaze. Só se renderam 7.400; outros 110.000 morreram combatendo. Ironicamente, os sucessos dos kamikaze colaboraram para a ruína do Japão. Graças ao seu fanatismo, os EUA previam que uma invasão do Japão causaria centenas de milhares de baixas. Foi o argumento que faltava para os partidários do uso da bomba atômica. (RBN) Texto Anterior: Ataque kamikaze faz 50 anos Próximo Texto: Piloto no Brasil quer esquecer Índice |
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