São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Livre comércio na Ásia ganha apoio de Taiwan

RENATO MARTINS
DA REDAÇÃO

A proposta de transformação da bacia do Pacífico numa zona de livre comércio –e possivelmente num bloco econômico– foi reforçada esta semana com a adesão do governo de Taiwan à tese de liberalização total até o ano 2020.
O chefe do grupo de trabalho de Taiwan junto ao fórum da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), John Chen, disse que os únicos obstáculos seriam a rivalidade política entre a ilha e a China e a política agrícola de seu próprio país, fortemente protecionista por pressão dos fazendeiros locais.
A tese de liberalização total do comércio na região será examinada a partir de 15 de novembro num encontro de cúpula da Apec em Bogor (Indonésia).
A Apec reúne EUA, Austrália, Canadá, México, Japão, Coréia do Sul, China, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Malásia, Indonésia, Brunei, Filipinas, Tailândia, Papua-Nova Guiné e Nova Zelândia, respondendo juntos por 50% da produção mundial e 40% do comércio global. O Chile se junta ao grupo na reunião deste ano.
Duas teses sobre a zona de livre comércio serão colocadas em discussão: a primeira, elaborada por uma ``comissão de notáveis" nomeada no encontro de cúpula de Seattle (EUA), em novembro do ano passado, prevê a liberalização total no ano 2020; a segunda, feita pelo corpo de assessores reunido no Fórum de Negócios do Pacífico, propõe a remoção de todas as barreiras até 2010.
O Japão não manifestou apoio a nenhuma data, mas vê a liberalização total como reforço de suas próprias posições contra o ``comércio administrado" em seu permanente confronto com os EUA.
Para a China, as duas teses são ambiciosas demais e sua discussão deveria ser precedida por um ``acordo de princípios" sobre livre comércio. Curiosamente, a mesma posição é defendida por Taiwan.
As duas Chinas disputam uma corrida por reconhecimento no âmbito do Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), a ser substituído em 1995 pela Organização Mundial de Comércio (OMC).
Se no caso de Taiwan o principal obstáculo é o setor agrícola, no da China é a exigência norte-americana de que Pequim amplie a abertura de seu mercado e melhore a aplicação das leis de proteção à propriedade intelectual.
A cautela chinesa em relação à Apec também reproduz a preocupação da Malásia, que teme que o fórum da Ásia e do Pacífico sofra demasiada influência dos EUA e acabe se consolidando como um bloco econômico fechado.
Uma definição em Bogor deve abrir as portas para investimentos em infra-estrutura na região. O Japão estuda pedido da China para créditos de US$ 15 bilhões, para projetos que incluiriam um trem-bala entre Pequim e Xangai.
A China divulgou terça-feira revisão das previsões de crescimento econômico para este ano, dos 9% que o premiê Li Peng julgava serem o máximo suportável para evitar um superaquecimento para algo em torno de 11,5%, o que colocará mais exigências sobre a precária infra-estrutura do país.
A Indonésia, de seu lado, divulgou na quinta-feira um plano ambicioso de desenvolvimento de infra-estrutura, que prevê investimentos de US$ 53 bilhões em telecomunicações, transporte, energia e abastecimento de água.

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