São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Coréia do Sul nega petróleo ao norte

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Coréia do Sul negou ontem que vá financiar o fornecimento de petróleo à Coréia do Norte como parte do acordo para a reformulação do programa nuclear norte-coreano. A suposta participação sul-coreana foi revelada pelo presidente dos EUA, Bill Clinton.
Na sexta-feira, representantes dos EUA e da Coréia do Norte assinaram em Genebra um acordo para o congelamento do programa nuclear norte-coreano, suspeito de estar voltado para fins militares. Em troca, o regime comunista de Pyongyang receberá tecnologia nuclear para fins pacíficos e reconhecimento diplomático.
``O governo sul-coreano não foi consultado pelos EUA sobre dar compensação à Coréia do Norte, nem chegou a discutir o assunto", disse o ministro das Relações Exteriores, Han Sung-Joo.
O acordo foi saudado como ``positivo" pelo governo sul-coreano, mas não recebeu sua aprovação integral. Seul teme que Pyongyang tenha recebido demasiadas concessões.
Segundo o chanceler Han, a Coréia do Sul e o Japão vão participar de um consórcio internacional que pagará pela substituição dos atuais reatores nucleares norte-coreanos de grafite por outros resfriados a água, que produzem menos plutônio, ao custo de US$ 4 bilhões.
O plutônio, subproduto dos reatores de grafite, é componente indispensável para a fabricação de armas nucleares. A Coréia do Norte vem resistindo há dois anos às pressões para que permita inspeções internacionais em seus reatores e é suspeita de ter desviado plutônio de suas usinas para fabricar bombas atômicas.
O acordo prevê que a Coréia do Norte passe a aceitar inspeções, mas não foram revelados detalhes sobre isso.
O chanceler Han reafirmou as duas condições da Coréia do Sul para participar do acordo: que os EUA não estabeleçam relações diplomáticas com a Coréia do Norte antes da retomada do diálogo intercoreano e que os novos reatores fornecidos a Pyongyang sejam do mesmo tipo dos que a Coréia do Sul já tem, e não mais modernos.
A península coreana está dividida desde o fim da ocupação japonesa, em 1945, quando tropas soviéticas ocuparam o norte e os EUA o sul. Os dois lados travaram uma guerra entre 1950 e 1953, e as relações têm permanecido tensas desde então.
Em Tóquio, o secretário norte-americano da Defesa, William Perry, disse que o acordo será mantido mesmo que a Coréia do Norte continue a vender armamentos a outros países. ``Em minhas conversações com funcionários sul-coreanos e japoneses, eles indicaram total apoio e compromisso com o acordo de Genebra", disse.

Texto Anterior: Livre comércio na Ásia ganha apoio de Taiwan
Próximo Texto: `Uniforme' desaparece de Pequim
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.