São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 1994
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Procuradoria quer investigar ação policial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA SUCURSAL DO RIO

O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, pediu abertura de inquérito ao Ministério da Justiça para apurar a ação de policiais civis e militares no combate ao tráfico de drogas no Rio.
Junqueira considerou que as operações de repressão ao tráfico são incompatíveis com os direitos constitucionais dos cidadãos.
Ele pediu ao ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, que também adote providências para evitar operações policiais como a da semana passada na favela Nova Brasília, no Rio.
Um tiroteio entre policiais e traficantes, na terça-feira passada, terminou com um saldo de 13 moradores mortos.
A forma como as operações estão sendo conduzidas pela polícia estaria colocando em risco a vida da população inocente dos morros.
Junqueira pediu ainda que as operações de combate ao tráfico sejam exercidas somente por órgãos competentes e responsáveis pela segurança pública no Rio.

Reunião
O ministro Alexandre Dupeyrat passou a tarde de ontem no Rio reunido com comandantes militares e com a cúpula da Polícia Federal para determinar um plano conjunto de atuação no combate à criminalidade na cidade.
Durante a manhã, Dupeyrat havia conversado durante 40 minutos com o presidente Itamar Franco. Eles acertaram os últimos detalhes da viagem do ministro ao Rio.
Itamar cobrou de Dupeyrat que lhe sejam apresentadas medidas práticas, para ações a curto, médio e longo prazos.
O ministro deve retornar a Brasília hoje à tarde e, se possível, fará um relato das decisões ao Palácio do Planalto.
O ministro chegou às 14h20 ao Galeão e seguiu para a sede do Comando Militar do Leste. Ele conversou por duas horas e 30 minutos com o general Édson Alves May, o major-brigadeiro Antônio Joaquim da Silva Gomes Jr. (comandante do 3º Comar) e o almirante Waldemar Canelas (comandante do 1º Distrito Naval).
À saída, o ministro disse apenas que a reunião havia sido ``muito produtiva". Dupeyrat disse que só comentaria as decisões tomadas após se reportar ao presidente.
Ele seguiu para a sede local da Polícia Federal, onde ficou até as 20h10, reunido com o superintendente da PF do Rio, Eleutério Parracho, o comandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, coronel Paulo César, e alguns assessores.
Ao sair da PF, o ministro disse apenas que a segunda reunião tinha sido ``muito boa".
O governador do Rio, Nilo Batista, não foi convidado para as reuniões do ministro com o Exército e a PF, segundo o jornalista César Pinho, da Assessoria de Imprensa do governo do Estado.
Segundo Pinho, não havia ontem nenhuma expectativa no Palácio Guanabara (sede do governo estadual) de que o governo federal viesse a fazer qualquer tipo de interferência no Rio. ``O governo federal sabe exatamente o poder constitucional das forças federais." O assessor disse que a posição do governo do Rio é a mesma: o governo federal fará sua parte se agir contra o tráfico, impedindo que drogas e armas não produzidas no Estado cheguem a ele.

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