São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pré-escolas incentivam gosto pela leitura

PAULO SILVA PINTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A criança aprende a gostar de livros antes de ser alfabetizada. Segundo pedagogos que defendem a tese, boa parte desta responsabilidade está nas mãos dos pais.
Ao lado deles, as escolas estão investindo em programas especiais de incentivo à leitura para crianças a partir de quatro anos (veja reportagem na página Especial A-2).
Uma das estratégias principais é contar histórias, em casa ou na sala de aula. A pedagoga Zélia Cavalcanti, 45, da Escola da Vila (no Butantã) afirma que ouvir histórias permite que as crianças se habituem à estrututura do texto escrito.
Mexer em livros com figuras também ajuda a criança a se acostumar com a sequência e a ficar curiosa com a história.
Para isso é bom ter estantes cheias em casa. ``Não é dar um livrinho no aniversário. Os pais devem formar uma biblioteca, para que as crianças descobram coisas que gostem", diz a pedagoga e escritora Ruth Rocha, 62. Seus 127 títulos para crianças já venderam seis milhões de exemplares.
Pais que gostam de livros têm a seu favor o modelo que inspiram nos filhos. Por isso é bom ler seus próprios livros perto das crianças.
Mas isso exige também uma dose de cuidado. Tratar as crianças com mau humor ao ser interrompido nesta hora pode pôr tudo a perder: elas correm o risco de sentir uma aversão pelo livro.
Muitos pais perguntam se gostar de ler é indispensável. Se a preocupação é com as notas escolares, a resposta pode ser negativa.
Uma pesquisa divulgada pela revista francesa ``Nouvel Observateur" aponta que entre os alunos com rendimento muito bom em francês, 25% não gostam de ler.
Mas para Michel Hello, 41, diretor da pré-escola do Liceu Pasteur (na Vila Mariana), os problemas vão aparecer mais tarde.
``Na universidade vai ajudar muito a capacidade da pessoa de ler por conta própria, de saber pesquisar sozinha", diz.
Myriam Tricate, 52, diretora do Colégio Magno (Jardim Marajoara, zona sul), acha que os esforços dos pais e professores têm que ser maiores hoje, pela concorrência da televisão e dos videogames.
O poeta e presidente da Funarte (Fundação Nacional de Arte), Ferreira Gullar, 64, acha que o efeito da televisão às vezes é o inverso.
``Quando passam adaptações de obras literárias na TV, as tiragens delas sempre aumentam. Também há estímulo quando escritores vão falar na TV, por exemplo."

Texto Anterior: Julio Neves é eleito presidente do Masp
Próximo Texto: Crianças contam histórias e lêem jornais nos programas das escolas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.