São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 1994
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Violência vai ser punida com jogos sem público

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O próximo caso de violência entre torcedores vai provocar um esvaziamento forçado dos estádios. A promessa é do presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah.
``Os clubes já foram notificados. Qualquer confronto violento entre torcidas no Estado de São Paulo vai ser punido com toda uma rodada se realizando com portões fechados, sem a presença de nenhum torcedor."
A decisão foi tomada depois da morte de um torcedor corintiano, Sérgio Francisquini, na partida contra o Guarani, no último dia 12, em Campinas.
A determinação foi comunicada ontem à tarde, durante uma reunião para o lançamento das regras do Campeonato Paulista de 95.
A reação dos dirigentes foi diversificada. ``Qualquer tentativa contra a violência é válida, mesmo que os cofres dos clubes sofram", disse o vice-presidente do Palmeiras, Seraphim Del Grande.
A mesma filosofia é apoiada por Romeu Tuma Jr., vice de futebol do Corinthians, que duvida, porém, da eficiência da medida.
``É preciso acabar com a violência, mas existem outros mecanismos para isso. Quem vai pagar os prêmios de uma vitória em que o estádio estava vazio?", questiona.
Tuma, que é delegado titular do 96º Distrito Policial, no Brooklin (zona sul de São Paulo), prefere equipar melhor a polícia para combater a violência, com o acompanhamento, via câmeras de vídeo, dos torcedores de organizadas.
``Outra proposta apresentada pela Federação, que eu não apóio, é instalar delegacias ambulantes nos estádios, com delegados, escrivões e investigadores", disse o dirigente.
Segundo Tuma, não convém comandar uma investigação no próprio estádio. ``A pressão seria muito grande."
A idéia é defendida pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Correa Meyer.
``Com isso, o policiamento seria efetivo. O problema é que a polícia não tem dinheiro para montar a estrutura tão facilmente."
Outra medida aprovada pelo secretário é a instalação de portais que detectam metais, já existentes nos aeroportos internacionais.
A Federação Paulista vai doar os portais, que serão instalados nos estádios no início de 95.
O controle da presença de público passou a ser responsabilidade dos clubes, que serão obrigados a remarcar todos os assentos de seus estádios e divulgar sua capacidade.
Os dirigentes do Palmeiras, Portuguesa, Santos e Guarani receberão R$ 50 mil da Federação para remarcar os lugares.
O São Paulo vai ganhar R$ 100 mil para a obra. No Morumbi, já há um lance de assentos na arquibancada, colocado em 92.
A Polícia Militar evita, porém, o acesso de torcedores, temendo que os assentos sejam arrancados e utilizados como armas.
Em Belo Horizonte, as torcidas organizadas Galoucura e Máfia Azul fizeram um acordo de paz.
Mesmo assim, a Polícia Militar apreendeu 30 bombas caseiras com um integrante da Galoucura, antes do jogo entre os dois times anteontem. Uma bomba estourou na mão do cabo Magno dos Santos, que se queimou levemente.

Colaborou Paulo Peixoto, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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