São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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Comando não foi unificado

LUIZ CAVERSAN
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

Ao contrário do que diz o convênio entre governos federal e estadual, o comando das forças policiais no Rio não foi unificado.
O general Câmara Senna, chefe das operações, não tem o comando efetivo das corporações estaduais –polícias Civil, Militar, e guardas penitenciários ligados à Secretaria de Justiça.
O convênio entre governos determinou a criação de um órgão centralizador das ações. Ok, o tal órgão foi criado, mas na sua "coordenação" o governador Nilo Batista colocou o secretário da Justiça, Arthur Lavigne. Este, sim, será o interlocutor do general Senna.
Ou seja, para que uma ordem do general envolvendo efetivos estaduais seja levada a cabo ele precisa contar com a boa vontade de Lavigne, que acionaria os secretários da PM e/ou da Polícia Civil. Estes, por sua vez, respondem ao governador e não farão nada sem seu aval.
Não fica difícil imaginar duas hipóteses: ou haverá a maior das boas intenções, colaboração estreita e irrestrito e absoluto espírito de colaboração, ou conflito de autoridade.
A última é a mais provável, há indícios disso. A começar pela indicação do general Senna pelo governo federal sem a comunicação prévia ao governador –no mínimo uma descortesia, no máximo a intenção de criar um fato consumado.
Segundo, pela disposição do governo do Estado de manter as operações policiais independentemente do que possa ser determinado pelo general.
Conclusão óbvia: pelo menos por enquanto, o comando único existe apenas no papel. O general tem plenos poderes sobre Forças Armadas e Polícia Federal, mas não em relação a forças estaduais.

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