São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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Igreja de Osasco faz campanha contra Rossi

CARLOS MAGNO DE NARDI ALEXANDRE SECCO

Pedetista é acusado de perseguir a Cúria porque padres interferiram em conflito entre a prefeitura e sem-teto
CARLOS MAGNO DE NARDI
ALEXANDRE SECCO
A Diocese de Osasco começa a distribuir 6.000 cartas em repúdio às medidas adotadas contra a Igreja e os sem-teto pelo candidato do PDT ao governo do Estado, Francisco Rossi, durante sua gestão na Prefeitura de Osasco (89 a 93).
Destinada a todas as dioceses do interior, a carta relata a atuação do então prefeito durante a ocupação de uma área pública por 600 famílias em maio de 91.
Segundo o vigário-geral da diocese, padre Elídio Mantovani, o objetivo do documento é esclarecer a forma de relacionamento do pedetista com a sociedade.
Quando era prefeito de Osasco (cidade da região metropolitana de São Paulo), Rossi teria revidado a interferência de padres católicos na invasão de terras assinando decretos de desapropriação para quatro lotes da Igreja.
"Foi uma atitude vingativa e despótica", disse à Folha o bispo diocesano de Osasco, dom Franciso Manuel Vieira.
Para Vieira, a atitude do ex-prefeito é "reveladora de um caráter autoritário".
"Esse homem no governo de São Paulo será um descalabro, algo muito ruim", afirmou.
Segundo Rossi, os terrenos desapropriados seriam usados para o assentamento dos invasores.
Um mês após a invasão, Rossi conseguiu na Justiça a reintegração de posse da área pública. As famílias foram retiradas pela Polícia Militar e acamparam ao lado da prefeitura.
Segundo a diocese, o prefeito teria se negado a negociar com os sem-teto acampados. Lideranças políticas locais e padres passaram a criticar Rossi e cobrar uma solução para os invasores.
A crise entre o prefeito e a Igreja começou com uma entrevista concedida à TV pelo bispo Vieira, criticando a ação da prefeitura.
Rossi foi a um programa de sua estação de rádio, a Difusora, para rebater as críticas do religioso.
No programa, o prefeito acusou o bispo de "anticristo" e chamou os padres de "canalhas".
A fala radiofônica de Rossi é reproduzida na carta elaborada pela Diocese de Osasco.
Depois das acusações pelo rádio foram publicados os decretos de utilidade pública para fins de desapropriação dos lotes da igreja.
O primeiro lote da igreja atingido foi o que era reservado para a construção da Cúria -uma área de 706 metros quadrados, na rua da Saudade, ao lado da catedral de Osasco.
A Igreja entrou na Justiça para conseguir anular os decretos. No final de seu governo, antes de uma decisão judicial, Rossi os revogou.

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