São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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TRE investiga as contas de secretário de Covas

XICO SÁ; ALEXANDRE SECCO

XICO SÁ Da Reportagem Local
O corregedor eleitoral de São Paulo, Márcio Bonilha, pediu ao Banco Central um rastreamento nas contas bancárias de Sebastião Farias, secretário particular de Mário Covas, candidato do PSDB ao governo paulista.
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) investiga a denúncia, feita por Rui Ramos, ex-assessor do tucano, de que a empresa Tejofran teria financiado ilegalmente o candidato do PSDB.
O pedido do TRE foi feito na semana passada. "Nos próximos dias devo ter as informações sobre números e localização das contas bancárias", disse Bonilha.
Farias, de acordo com Rui Ramos, seria o intermediário nos repasses de recursos entre a Tejofran e o escritório político de Covas.
O secretário do candidato tucano se recusou ontem a comentar a decisão do TRE. "Nada", disse, diante da pergunta.
No seu depoimento ao TRE, em setembro, Farias negou qualquer envolvimento com o caso.
A Tejofran, que atua nas áreas de limpeza e segurança, pertence a Antonio Dias Felipe, amigo do candidato do PSDB.
No seu depoimento ao TRE, em setembro, Ramos disse que o "esquema" incluiria uma outra empresa, a Rede de Postos Tigrão, que seria responsável pelo fornecimento de notas fiscais "frias" para a Tejofran.
Estas notas registrariam despesas que na realidade não teriam sido feitas, como a compra de gasolina, por exemplo.
Com isso, a Tejofran justificaria a saída de recursos para financiar as atividades de Covas.
Ramos disse que fez alguns depósitos bancários em contas do secretário particular de Covas, de quem era amigo até o início da campanha tucana, este ano.
Antes de depor no TRE, Ramos havia sido apresentado pelo candidato derrotado ao governo Luiz Antônio de Medeiros (PP), durante a campanha do primeiro turno.
O candidato ao governo pelo PT, José Dirceu, também reforçou, no mesmo período, as acusações sobre o relacionamento de Covas com a Tejofran. Dirceu agora apóia o tucano.
Covas negou o envolvimento com recursos da Tejofran e disse que é apenas amigo de Felipe, padrinho de casamento do seu filho Mário Covas Neto, o "Zuzinha".
O tucano admitiu apenas que em 1990 havia utilizado salas da Tejofran como escritório político. Explicou que estava sem imóvel para instalar-se.
O empresário Felipe informou ao TRE, no final de setembro, que contribui legalmente para a campanha, através de bônus eleitorais –recibos que os partidos fornecem em troca das colaborações.
Colaborou ALEXANDRE SECCO

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