São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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Le Coq Hardy volta com falhas no serviço

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Após 21 meses de obras, o Le Coq Hardy inaugurou sua nova sede em grande estilo. O novo ponto é luxuoso, mas discreto, com piano bar, instalações de cozinha exemplares, adega climatizada. O serviço é frio e afetado, mas a comida, com poucas falhas, continua das melhores.
O Le Coq Hardy foi criado há 17 anos, em Santo Amaro, pelo ítalo-francês Vincenso Ondei, 67, comerciante de automóveis que, três anos antes, iniciara-se na gastronomia como sócio do La Maison Basque. Ao abrir seu próprio restaurante, em 77, levou junto o cozinheiro da Maison, o cearense José Pereira da Silva.
Desde sempre o restaurante esmerou-se em utilizar produtos especiais, de alta qualidade, trazendo-os de fora mesmo antes da atual febre de importações, o que colaborou para fazer dele um dos lugares mais caros da cidade.
Baseada num corte clássico da cozinha francesa, a casa vem modernizando a confecção de seus pratos, com resultados visíveis e positivos. Numa salada, os escargots são levemente temperados, e as verduras, ternas. O fundo de alcachofra não esconde seu sabor.
Entre os pratos do cardápio há um salmão grelhado só no lado da pele, levemente abafado e temperado apenas com manteiga e manjericão: a simplicidade na confecção e nos ingredientes resulta na valorização dos sabores. O linguado com ervas é também delicado. Por outro lado, a cavaquinha grelhada na manteiga passou do ponto; e o pato assado com cèpes (cogumelos porcini) em conserva, servido com molho do assado, é apenas correto –a não ser pelo fraco risoto que o acompanha.
As sobremesas estão em evolução, preparadas pelo confeiteiro Claudio Ota, 26, sob a supervisão de um pâtissier francês (a decepção fica com as frutas gratinadas –que não foram gratinadas).
A empolação do serviço rui quando é deixado um cinzeiro sujo sobre uma mesa durante todo o jantar e se completa com a cobrança de uma "rolha" (taxa de serviço sobre o vinho trazido de casa) alucinante: 50% sobre o preço do vinho no cardápio.
Na próxima semana o Le Coq Hardy recebe Erick Jacquin, segundo chef de Henri Charyet (do Au Comte de Gascogne, de Boulogne-Billancourt, perto de Paris). O jovem Jacquim apresenta um cardápio especial em torno do foie gras de ganso e de pato (leia mais sobre foie gras nesta página, no artigo de Hamilton Mellão Jr.).

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