São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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FHC retoma sondagem de ministeriáveis

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; ANDREW GREENLEES
EDITOR DO PAINEL

ANDREW GREENLEES
A volta de Fernando Henrique Cardoso ao Brasil reacenderá a fogueira das vaidades entre os ministeriáveis.
Na semana passada, os quatro dias que o presidente eleito passou no país foram suficientes para incendiar a bolsa de apostas que tenta encaixar nos cargos certos os nomes dos futuros ministros.
Apesar das juras dos chefes tucanos de que não há nenhum nome escolhido e de que os convites só serão feitos após o segundo turno, a Folha apurou que FHC já sondou pessoas para a chamada "cota pessoal" de seu ministério.
Entre todos os homens do presidente eleito, o nome do economista e assessor Paulo Renato Souza é a única unanimidade: deverá ser ministro do Planejamento –um cargo que estará ligado diretamente à Presidência.
O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, deve ficar em Brasília no próximo ano, apesar de já ter mandado a família para Harvard (EUA), onde pretendia estudar.
Ciro foi sondado para ocupar a pasta da Saúde. O presidente eleito quer alguém que enfrente a corporação e, por essa razão, acha que o ex-governador do Ceará teria mais condições de cumprir a tarefa do que um médico de renome.
A função do "primeiro-amigo" e ex-coordenador da campanha presidencial, Sérgio Motta, gera polêmica na aliança que elegeu FHC. Caciques do PFL apostam que ele ocupará algum cargo dentro do Palácio do Planalto, como a Secretaria Geral da Presidência.
A nota de discordância parte do próprio PSDB. Todos os tucanos ouvidos pela Folha afirmaram que FHC não se arriscaria a mantê-lo tão próximo –devido à sua grande capacidade operacional, que o levaria a imiscuir-se em todos os assuntos da Presidência.
Entre os peessedebistas, as apostas sobre o futuro de Motta concentram-se no BNDES e no Ministério das Minas e Energia.
Também ex-coordenador da campanha, Pimenta da Veiga é lembrado para dois possíveis cargos no futuro governo: o de ministro da Justiça (é advogado) ou o de chefe do Gabinete Civil.
As apostas sobre o novo chanceler se afunilaram depois que o nome do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima perdeu posições no ranking dos ministeriáveis.
Os favoritos são o ex-secretário-geral do Itamaraty na gestão de FHC, embaixador Luiz Felipe Lampréia, e o amigo do presidente eleito Celso Lafer. Este leva uma desvantagem: foi ministro das Relações Exteriores de Collor.
Para o Ministério da Fazenda, aparecem dois nomes mais cotados: o do atual presidente do Banco Central, Pedro Malan, com quem FHC jantou semana passada, e o do assessor Edmar Bacha.
Sobre ambos, os tucanos fazem observações que podem dificultar suas nomeações. Malan não esconde que sente falta da família, que mora nos EUA. E Bacha não nutre a menor simpatia por Brasília, além de sofrer com o baixo salário pago pelo Executivo.

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