São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Senado atrapalha plano de redução da dívida de Estados

MÔNICA IZAGUIRRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O plano de redução das dívidas estaduais e municipais negociado pelo presidente eleito Fernando Henrique Cardoso, quando era ministro da Fazenda, está sendo prejudicado pelo Senado.
Contrariando uma resolução aprovada pelos próprios senadores em janeiro, os parlamentares vêm permitindo a rolagem de 100% dos títulos da dívida mobiliária de Estados e municípios.
A rolagem de tudo o que vence inclui juros reais (além da inflação). Assim, quando aprova 100%, o Senado está sancionando, na prática, o aumento das dívidas.
Controle
O maior controle do endividamento dos Estados e municípios, sobretudo da dívida mobiliária, sempre foi defendida por Fernando Henrique como necessário ao saneamento financeiro do setor público e, portanto, ao combate à inflação.
A dificuldade de refinanciar títulos dos Estados após o arrocho do Plano Real sobre os sistema bancário é o que vem obrigando o Banco Central a socorrer financeiramente os bancos estaduais para não haver quebradeira.
A resolução 11/94 do Senado foi um dos frutos do esforço empreendido no ano passado pela equipe econômica no sentido de reduzir os níveis de endividamento dos Estados e municípios.
Ela manda que, considerado o limite de comprometimento de receita, descontados os pagamentos ao FGTS, de parte da dívida externa e de dívidas renegociadas por força de lei, o saldo deve ser usado no resgate de títulos da dívida mobiliária.
Para 1994, esse limite de comprometimento é de 9% da receita líquida. De 1995 em diante, sobe para 9%.
O percentual de rolagem resultante da aplicação de tais critérios é calculado pelo Banco Central e fornecido ao Senado.
Como uma resolução pode mudar outra, os senadores podem abrir exceções e ignorar o percentual indicado pelo Banco Central quando autorizam as rolagens.

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