São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Participação do Rio no PIB cai para 11%

Nos anos 70 Estado chegou a ter 16,5% do produto

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo se mantendo como a segunda economia do país, atrás apenas de São Paulo, o Rio vem perdendo participação relativa no PIB brasileiro. O Estado representou cerca de 16,5% da riqueza nacional na década de 70 e chega aos anos 90 representando 11%.
O ex-ministro da Economia (governo Collor) e assessor especial da prefeitura do Rio, Marcílio Marques Moreira, vê "correlação" entre os dois fatos, "o que não quer dizer causa e efeito".
Ele não crê que o crime organizado seja um filhote da crise econômica ou vice-versa, mas reconhece que as notícias sobre a violência acabam tendo influência.
"Conheço uma executiva que recebeu ordens de sua empresa de nunca deixar o hotel em que mora", disse Moreira. Mas ele acha que o esvaziamento econômico deve-se mais a outras razões.
Uma delas foi a mudança da capital federal para Brasília. Outra, mais recente, foi a presença de Leonel Brizola no governo do Rio.
"Ele ameaçou nacionalizar os bancos e, como havia a experiência de seu governo no Sul, muitos banqueiros deixaram a cidade".
O presidente da Associação Comercial do Rio, Humberto Motta, diz que a violência esconde dados econômicos que devem ser lembrados. Para ele, o Rio vive hoje um momento de crescimento.
"Temos hoje no Rio US$ 2 bilhões em investimentos, a construção de uma fábrica da Brahma e outra da Latasa, além de seis shoppings centers", disse.
Para Moreira, o turismo é o que mais sofre com a violência. "Vai embora o empresário e também a matéria-prima (o turista)", disse.
Mesmo assim, ele acredita que o ramo tem mostrado resultados positivos. "Ainda não está bom, mas está melhor do que em 93."
Moreira e Motta procuram relativizar o perigo a que os turistas estariam expostos na cidade.
"No Ano Novo recebemos 2 milhões de pessoas e não houve ocorrência policial relevante. Foi um momento em que a auto-estima do carioca superou a violência", disse Moreira.
Motta concorda e ainda compara o Rio a Miami, um paraíso para muitos turistas brasileiros.
"Há um ano não há incidente com morte de turista no Rio. Em Miami, nos últimos 12 meses morreram 20 turistas", afirma.

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