São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Rota de colisão

DEMIAN FIOCCA

Acumulam-se tensões na economia. A queda da inflação criou um vigoroso impulso de crescimento. Mas o aumento da produção é tímido e os hábitos de indexação persistem.
Empresas adiam as decisões de investimento à espera do novo governo e, na maioria dos setores, se acomodam à maior demanda de produtos com a elevação dos preços. O crescimento das receitas permite atender às reivindicações salariais. Mas há uma barreira à inflação: o custo dos produtos importados caiu fortemente.
Hoje, a importação ainda não bloqueia a subida da maioria dos preços internos. Seu potencial, entretanto, é imenso. As tarifas externas foram reduzidas, o dólar caiu 15% e os preços nacionais já estão, em média, 15% mais caros. Quando vier a ocorrer, a trombada dos preços em alta com os importados em baixa pode ser desastrosa para muitos setores.
As empresas brasileiras têm, estruturalmente, boas condições para competir com os importados, mas não para voltar à espiral inflacionária. O conceito de "apenas repassar" os juros aos preços perdeu validade. Todo aumento é real. O similar importado é estável em dólares e o dólar, estável em reais.
Hoje, ganhar mercado é uma estratégia mais adequada do que aumentar os preços.

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