São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
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Preocupação se estende a uso de remédios
DENISE CHRISPIM MARIN
Trata-se da dependência de substâncias conhecidas por cerca de 35% da população brasileira. São os tranquilizantes (benzodiazepínicos), os anticonvulsivantes (barbitúricos) e inibidores de apetite e sono (anfetamínicos). Oculta sob os escudos da legalidade e da prescrição médica, essa dependência é considerada tão grave e danosa –para indivíduo, família e empresa– quanto a provocada pelo álcool ou cocaína. "As pessoas consideram os tranquilizantes e estimulantes como instrumentos para trabalhar mais", diz Ricardo Esch, 36, diretor da Contexto, consultoria especializada em dependência química. A Shell voltou-se para o problema movida pelo fato de que o uso indevido desses remédios afeta a saúde, a qualidade de vida e o psiquismo de seus funcionários. Em outras palavras, resulta em queda na produtividade, erros, retrabalho e riscos de acidentes de maior proporção –seja um vazamento de óleo, um caminhão-tanque tombado ou uma aplicação financeira mal dimensionada. A política da Shell é clara nesse sentido. "Temos atividades de risco e queremos ambiente isento", afirma Marcos Tucherman, 47, gerente de saúde. Até o final do ano, os 450 supervisores da empresa devem concluir treinamento de dois dias sobre o assunto. Vídeos, folhetos, cartilhas e palestras devem se estender aos demais funcionários. Também está sendo instituído um teste antidoping periódico para 150 funcionários sorteados –de caminhoneiros a executivos. Os casos positivos para medicamentos são encaminhados à gerência de saúde. "Não queremos saber o porquê do uso do remédio, mas questionar se está sob orientação médica e se o supervisor foi comunicado", diz Tucherman. Desde 90, a Esso também obriga a testes aleatórios os funcionários em postos de risco, executivos e todos os candidatos a emprego. Até setembro deste ano, 28 testes tiveram resultado positivo, dos quais três denunciaram uso de psicotrópicos. (DCM) Texto Anterior: Tratar vício custa menos que demitir Próximo Texto: Medicamento pode 'viciar' em quatro semanas Índice |
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