São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Mudança das regras busca arrebanhar fãs no mundo Cestas espetaculares vendem mais do que aplicação tática MELCHIADES FILHO
Claro, uma só temporada não seria suficiente para assimilar o adeus de Michael Jordan, o maior jogador da história. O torneio de 93-94 foi o primeiro sem Jordan. Sentiu, também, as ausências dos craques Magic Johnson e Larry Bird. Sem Pelé, Garrincha e Didi, a liga se curvou ao defensivismo. Não fez, porém, a apologia da mediocridade. O basquete continuou de altíssimo nível. Trocou apenas de vocação: a criatividade pela disciplina tática e força física. Os verdadeiros fãs não reclamaram. Os estádios ficaram mais lotados –16.246 pessoas por jogo, contra 16.060 no torneio anterior. O faturamento continuou crescendo. Quem explica é o ex-técnico Chuck Daly, bicampeão pelo Detroit Pistons: "Há quem enxergue um Picasso numa partida com menos de 80 pontos". Mas as contagens deixaram de ser centenárias. E daí? Vale lembrar que, antes da globalização dos esportes, antes das ESPNs da vida, os placares elásticos eram o 'marketing' que o basquete norte-americano usava para provar ao mundo sua superioridade (lá, 147 x 123; no Brasil, 82 x 78...). No momento em que a NBA se internacionaliza –e arrebata novos mercados–, o charme da profusão de cestas torna-se mais importante. É mais fácil ganhar dinheiro com arremessos espetaculares do que com armadilhas táticas. Foi também por isso que as regras mudaram. As introduções acertaram na mosca. Já na pré-temporada os pontos cresceram 7%. Conclusão: a temporada 94-95 vai mesmo ser de transição. As acrobacias têm tudo para voltar. Os três principais novatos do ano confirmam a tendência. Glenn Robinson (Milwaukee Bucks), Jason Kidd (Dallas Mavericks) e Grant Hill (Detroit) pertencem a uma escola diferente daquela do ídolo grandalhão Shaquille O'Neal. "Playmaking" (criação de jogadas, ao pé da letra) é a palavra de ordem desse trio. As cotoveladas, não se engane, vão continuar. Mas iremos nos encantar com algo mais. Texto Anterior: NBA coíbe violência e resgata basquete-show Próximo Texto: Japoneses cultuam seu herói brasileiro Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |