São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Japoneses cultuam seu herói brasileiro

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

Quando Ayrton Senna ainda não era griffe, foi feita uma pesquisa no Japão sobre as personalidades mais populares do país.
O piloto brasileiro foi o segundo mais citado. Perdeu apenas para o imperador, que até antes da 2ª Guerra era considerado um ser sobrenatural por seus súditos.
Nos últimos 40 anos o Japão mudou e, além de o imperador ganhar carne e ossos, o país sofreu um processo brutal de modernização, sendo o líder absoluto na maioria dos campos em que atua na economia mundial.
E foi no circuito de Suzuka, construído especialmente pela Honda, que Ayrton Senna conquistou seus três campeonatos mundiais (1988, 90 e 91) em disputas emocionantes com Alain Prost e Nigel Mansell.
Quando a marca Senna foi resolvida, o principal alvo era, obviamente, o Japão. Com a cultura do automobilismo crescendo a cada dia no país e com um mercado interno invejável, qualquer produto relacionado ao piloto seria um sucesso de vendas.
O principal contrato do piloto no país aconteceu com a Fuji TV, empresa que manteve o pagamento dos direitos da marca Senna após sua morte, visando a criação da fundação com seu nome.
A exposição "Senna Forever", orçada em US$ 2 milhões e que acontece no circuito de Suzuka após percorrer dez cidades japonesas desde junho, foi organizada pela emissora.
Apresentando objetos pessoais, a história da carreira do piloto é contada através de vídeos, slides e fotografias. Um passeio que chega a ser angustiante para um ocidental, mas que se encaixa na forma de pensar dos japoneses.
Senna, desde que morreu em acidente no GP de San Marino, no dia 1º de maio, tornou-se parte do folclore e da história da F-1. Mas em nenhum lugar sua presença é tão maciça como no Japão.
Senna bate todos os outros pilotos no quesito popularidade.
Michael Schumacher e Damon Hill parecem coadjuvantes de uma festa que não conta com seu principal convidado.
Uma infinidade de produtos pode ser adquirida no autódromo de Suzuka, instalado num parque.
Os preços são proibitivos para o padrão brasileiro. Uma camisa do personagem Senninha, por exemplo, não é encontrada por menos de US$ 50,00.
Uma malha, com inscrição e foto lembrando a exposição "Senna Forever", sai por US$ 75,00. Já o livro do fotógrafo particular de Senna, o japonês Norio Koike, que cobre os dez anos da carreira do piloto, custa US$ 35,00.

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