São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Eleição é o maior desafio de Clinton
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
A tradição política do país é o partido do presidente em meio de mandato, como Bill Clinton agora, perder as eleições. Este ano, devido à impopularidade incomum do atual ocupante da Casa Branca, a derrota pode ser tão acachapante que o Partido Republicano, de oposição, acha possível ganhar a maioria do Senado, pela primeira vez desde 1986, e da Câmara, que tem sido controlada pelos democratas há 40 anos. Os índices de aprovação ao governo Clinton melhoraram um pouco nas duas últimas semanas, devido a seus aparentes sucessos no Haiti e no Iraque e por causa de sua viagem ao Oriente Médio. Ele é considerado mau presidente por quase metade da população do país (48%), segundo as pesquisas. Mas, há apenas duas semanas, os que o aprovavam eram apenas 42% e agora chegam a 49%. A situação de Clinton é crítica. Na primeira metade de seu governo, com ampla maioria no Congresso (56 a 44 no Senado e 256 a 179 na Câmara), ele perdeu importantes batalhas legislativas e ganhou outras apertadíssimo. Pelo menos duas vezes o Partido Democrata, do governo, precisou do "voto de Minerva" do vice-presidente para superar empates no Senado. Em outras duas, venceu por um voto na Câmara. Mesmo assim, Clinton não conseguiu fazer o Congresso votar o seu mais importante projeto: a reforma do sistema nacional de saúde, preparada pela primeira-dama Hillary. Qualquer perda no Congresso agora será ameaça grave para o presidente governar com sucesso nos próximos dois anos. Talvez até mais grave para seus planos de reeleição em 1996, Clinton pode ver seus aliados perderem os governos de três dos quatro principais Estados: Texas, Nova York e Flórida, vitais para a vitória em eleição presidencial. Clinton foi eleito com apenas 43% dos votos e é o presidente com mais baixos índices de aprovação pública durante a primeira metade de governo desde o fim da Segunda Guerra . Desde a sua posse, em janeiro de 1993, sete cadeiras na Câmara e duas no Senado foram disputadas em eleições extraordinárias. A oposição ganhou quatro vagas na Câmara e uma no Senado. Dois Estados (Virgínia e Nova Jersey) e duas grandes cidades (Nova York e Los Angeles) escolheram novos dirigentes. Os republicanos ganharam todas. Clinton enfrenta a mais difícil eleição de sua vida, mais complicada do que a de 1992, que o levou à Casa Branca. Em 1992, o independente Ross Perot teve 19% dos votos, roubados quase todos do Partido Republicano. Agora, Perot apóia os republicanos. LEIA MAIS sobre a eleição nos EUA na pag.3-3 Texto Anterior: Marcado julgamento de Taslima Nasrin; Sérvios lançam contra-ataque; 68º estrangeiro é morto na Argélia; Boris Ieltsin nomeia novo vice-premiê; Peru desmantela grupo guerrilheiro Próximo Texto: Contrabando é ameaça aos tesouros da velha China Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |