São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Ala liberal do partido está em decadência

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governador de Nova York, Mario Cuomo, o senador por Massachusetts Edward Kennedy e o presidente da Câmara dos Representantes, Tom Foley, nunca enfrentaram uma reeleição tão difícil quanto a deste ano.
Não por coincidência, eles são três dos principais representantes da ala mais liberal do Partido Democrata e seus problemas em 1994 refletem a crise, talvez fatal, que esse grupo enfrenta.
Sua decadência não é de hoje. A derrota vexatória de Walter Mondale, outro liberal histórico, para Ronald Reagan na eleição presidencial de 1980 foi seu primeiro sintoma grave.
A década de 80 pertenceu ao neoconservadorismo inspirado pela vitória de Margaret Thatcher no Reino Unido, mas não faltaram cientistas sociais de relevo dispostos a apostar na ressurreição do liberalismo nos anos 90.
A volta dos democratas à Casa Branca em 1992 com Bill Clinton não chegou a ser o que eles antecipavam.
Como governador de Arkansas, Clinton liderou um grupo do partido que se intitulava "novo democrata", com muitas pitadas da ideologia reaganiana.
Mas o "velho democrata", que nasceu e se consolidou nos 14 anos de governo de Franklin Delano Roosevelt e teve seu apogeu contemporâneo no de Lyndon Johnson, de fato reviveu na Casa Branca dos Clinton, graças em especial à influência da primeira-dama Hillary.
Grande parte da impopularidade do presidente pode ser atribuída a esse poder dos velhos liberais, que continuam sendo repelidos pela maioria dos norte-americanos agora como em 1980.
(CELS)

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