São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994
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Dupla se identifica com filme e lança 1º disco

DA REPORTAGEM LOCAL

A vida de Pivete e de Branco é muito parecida com a vida dos garotos que aparecem em "Onde São Paulo Acaba" –os personagens se envolvem com drogas e crimes.
Pivete, um "gangsta rapper" (rappers que cultuam a violência e a bandidagem) assumido, diz que faz rap para bandidos. "Mas não para influenciar negativamente as pessoas, eu falo da minha vida."
A diretora de "Onde São Paulo Acaba", Andréa Selligman, conta que escreveu o roteiro do filme pensando em mostrar o cotidiano de jovens da periferia, exatamente como Pivete e Branco. "Eles levam uma vida muito louca, lidam com drogas, polícia e assassinatos, mas no fundo são garotos normais", diz.
Pivete conta que, antes de virar rapper, "roubava, cheirava e assassinava." Tais incursões no mundo do crime renderam a ele uma passagem pela Febem.
Pivete diz que não se arrepende de nada. "Há males que vêm para o bem. Eu aprendi muita coisa, se não tivesse feito o que fiz não seria quem eu sou hoje."
Para Pivete, suas letras expressam a realidade em que vive. "São coisas muito fortes; nem todo mundo está preparado para ouvir", diz.
Branco, por sua vez, garante que nunca roubou. "Eu trabalhava como office boy, nunca fui chegado ao crime."
Os dois são amigos de infância. Um dia fizeram uma música e entraram em um concurso de rap. A brincadeira deu certo e eles acabaram montando a banda Pavilhão 9.
Após alguns desentendimentos com os outros integrantes da banda, pularam fora e criaram a dupla Ex-Detentos, que lança este mês seu primeiro disco pelo selo Radical Records.
Hoje vivem do rap, mas dizem que não se preocupam muito com dinheiro. "A gente faz música para conscientizar as pessoas", diz Pivete.

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