São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Flórida

O paraíso da terceira idade

TRISH VALICENTI
ESPECIAL PARA O "WORLD MEDIA"

Como as mulheres vivem em média mais tempo do que os homens, elas representam a grande maioria dos habitantes de Naples, a capital dos aposentados no litoral da Flórida (sul dos EUA). Segundo o censo norte-americano, 18,7 milhões de americanas têm 65 anos ou mais, contra apenas 12,6 milhões de homens. Existem 9,2 milhões de viúvas e 1,8 milhões de viúvos aposentados. Somente na Flórida vivem 1,3 milhão de idosas, das quais 43,9% são viúvas, enquanto apenas 12,3% dos homens perderam suas mulheres.
Nos últimos dez anos, foi aberta em Naples uma grande variedade de lares para idosos, conhecidos como "centros de habitação assistida". Ali, idosos ativos lotam as aulas de hidroginástica, ioga e arte.
Aos 90 anos, Thelma Goldsword ainda exercita seus dedos num piano de cauda. Nascida em Cleveland, Ohio, ela vive em Naples há 16 anos. Com três outras mulheres, formou um quarteto que se apresenta duas vezes por ano. O quarteto não cobra ingressos, mas pede doações que são encaminhadas ao Fundo de Bolsas de Estudos Musicais em Naples.
Como suas colegas do quarteto, Thelma é bisavó. Vive em Bentley Village, um complexo de apartamentos que se espalha por 35 hectares de terreno ajardinado. Atividades de todo tipo são oferecidas aos idosos que vivem ali e Thelma acaba de se matricular no curso de ioga.
"Só quero ser feliz, viver em conforto e estar perto das pessoas de que gosto", diz ela. "A música tem sido uma das melhores coisas da minha vida, melhor que minha família."
Beverly McHugh, 84, mudou-se para o complexo de aposentados de Bentley Village há sete anos, quando seu marido morreu. Ela abriu uma estufa de plantas, por sua própria iniciativa, e se ocupa com "terapia das plantas" para suas colegas idosas. Ela também tem seu próprio jardim, atrás de seu apartamento.
"Quando morava em Nova York, costumava ir ao Instituto Howard Rusk, que tem uma estufa. É ótimo poder arrancar o mato de meu jardim, eu me esqueço de todo o resto, além de ter o prazer de ver coisas novas nascendo, quando uma orquídea começa a florir ou quando brotam os meus jacintos", diz Beverly.
Todas as segundas-feiras, ela traz para sua estufa mulheres que sofreram derrame e que se locomovem em cadeiras de rodas. "São mulheres que perderam a memória e também tem algumas que estão cegas ou surdas. Então dou a elas uma palnta para sentir na mão, para cheirar, para sentir o sabor, e tento fazer com que se lembrem dos nomes das plantas", diz ela.
Como a maioria dos outros moradores de Bentley Village, Beverly vive sozinha. Para ela, o local oferece uma combinação simpática de liberdade e segurança. "Sinto que tenho um lugar muito agradável aqui. Tenho liberdade de viajar, de convidar amigas, de fazer o que eu quiser, mas não tenho responsabilidades porque cuidam do apartamento. Também, se eu cair e ma machucar, só preciso apertar um botão e eles vêm me ajudar imediatamente. Não somos uma instituição, não somos um lar para idosos e sempre acho graça quando ouço essas discussões sobre aposentadoria, que realçam o fator idade."

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