São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Mofokeng, a miss coragem

DO "WORLD MEDIA"

Ela é chamada de "rainha da paz" porque prefere falar de paz a falar de beleza. Jacqui Mofokeng, 21, eleita Miss África do Sul em 1993, não é uma miss como as outras. É a primeira mulher negra da história de seu país a receber esse título. Mas Mofokeng não é uma boneca que se exibe nas festas mundanas ou nos shows mediáticos, ela tem caráter e coragem.
"Vou me lançar com a cabeça baixa na batalha contra a violência", declarou à imprensa depois de sua vitória. Não é de se estranhar que esta estudante do segundo ano de Comércio da Universidade de Witwatersrand tenha dedicado sua vitória a Nelson Mandela.
Ela teve a sorte de ter um pai que, com sacrifício, conseguiu que estudasse. Empregado em uma importante casa de discos, Willie Mofokeng sempre lutou contra o apartheid. É sem dúvida por isso que sua filha acredita em um futuro em que as culturas poderão conviver e se misturar. "Quero abrir o espírito das pessoas", repete sempre. Seu combate não é apenas racial. Mofokeng não hesita em falar na TV ou no rádio para defender o direito ao aborto ou suprimir o dote das mulheres que vão casar.
Mofokeng apadrinha um centro para as mulheres vítimas de agressão ou estupro e não se acanha quando a lembram de seu filho "ilegítimo". "Tenho orgulho de ser mulher e de ser negra", diz.
A eleição de Mofokeng, cuja candidatura foi sustentada pelo Congresso Nacional Africano, provocou uma comoção na comunidade branca da África do Sul. Única negra no meio de oito "deusas" do tipo ariano, sua beleza felina soube convencer os jurados. E mesmo que deva um pouco de sua vitória à atual conjuntura política, seus grandes olhos escuros, sua silhueta esguia e seu carisma fazem dela uma miss irresistível.

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