São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Fornecedores pressionam a indústria farmacêutica

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricantes de embalagens de papel estão aumentando os preços dos produtos fornecidos à indústria farmacêutica. Os aumentos vão de 22% (caixas grandes) a até 176% (pequenos cartuchos).
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica, José Eduardo Bandeira de Mello, informou que o setor pode absorver esses primeiros aumentos.
Mas, alertou, é preciso que haja um entendimento de modo que cada setor aceite perder margens de lucro em troca da estabilidade e do aumento das vendas.
Os fabricantes de embalagens dizem que estão repassando aumentos no preço dos papéis e o reajuste salarial de novembro.
"Não quero fazer juízo de valor sobre isso", disse Bandeira de Mello, "mas se todos jogarem custos para a frente, vamos acabar num abraço de afogados".
Segundo Bandeira de Mello, os fabricantes de caixas grandes de embarque estão pedindo aumentos de 22% (caso da empresa R.Carvalho) a até 48% (Klabin).
Produtores de cartuchos (as caixas pequenas) estão pedindo 35% em média.
Os trabalhadores da indústria farmacêutica também têm data base em novembro. O reajuste deve ficar entre 16% e 17%.
Como a mão-de-obra representa 25% dos custos do setor, o reajuste salarial tem um impacto de 4,25% no preço dos remédios. Os custos com embalagem representam 4%, de modo que os aumentos médios pedidos, de 35%, representam mais 1,4%.
Assim, os custos da indústria farmacêutica subirão 5,5%. Bandeira de Mello diz que o setor pode assumir isso sem repassar aos preços. Mas insiste em que o Ministério da Fazenda precisa entrar nessa negociação.
O fabricante não pode romper com seu fornecedor para não parar a produção. "Desabastecimento de remédio é coisa grave", diz Bandeira de Mello.
E também não se pode dizer ao consumidor que boicote a compra de remédios mais caros. Ou seja, é preciso que toda cadeia produtiva negocie a questão dos custos, com a intermediação do governo.

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