São Paulo, sexta-feira, 11 de novembro de 1994
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Amado defende livre expressão

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor baiano Jorge Amado, 82, critica a decisão de grupos do movimento negro de recorrer à Justiça contra a novela "Pátria Minha", mesmo ressaltando que "o racismo é o mais ignóbil dos preconceitos".
"Sou pela total liberdade de pensamento e opinião", afirma, ressalvando que não vê novelas.
Ele critica a censura, lembrando que, durante o Estado Novo, seus livros foram proibidos. " 'Capitães de Areia' foi queimado em praça pública pelos militares", lembra o escritor.
O autor de novelas Sílvio de Abreu defende o colega. "Vamos esperar a conclusão da história antes de se criticar a forma como ele construiu aquela cena. Confie-se em Gilberto Braga, que em toda a sua história nunca foi preconceituoso."
O geógrafo negro Milton Santos não acompanha a novela, mas defende a liberdade de expressão e o direito à apelação judicial.
"É bom que a sociedade saiba que os negros são tratados assim. A auto-estima de grupos também é produzida", diz.
O humorista Hélio de La Pe¤a, 35, do Casseta & Planeta, é pouco diplomático. "É um absurdo que um autor não possa retratar a realidade". Apesar de negro, Hélio já foi processado por racismo. "Tive que mostrar que tinha espelho em casa", ironiza.

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