São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Itamar se reúne com quatro ministros e pode rever acordo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco retorna hoje a Brasília disposto a rever o acordo feito semana passada com os petroleiros. Disse que só mudará de opinião se for convencido do contrário, em reunião que terá hoje com quatro ministros.
Os ministros do Trabalho, Marcelo Pimentel, e das Minas e Energia, Delcídio Gomez, que conduziram as negociações, tentarão convencer o presidente de que o acordo não traz risco para o plano.
O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, inicialmente favorável ao acordo, parece convencido de que ele deve ser revisto. O chefe do Gabinete Civil, Henrique Hargreaves, também participa da reunião.
Beni Veras, ministro do Planejamento e maior crítico do acordo,
não foi convidado. Veras é responsável pela coordenação das empresas estatais. A intensidade de suas críticas levou Itamar a convocar a reunião de hoje.
O ministro do Planejamento, que não foi previamente consultado, afirma que o acordo é "abusivo e contraria a filosofia do plano de estabilização".
"Temos que avaliar se é mais barato pagar essa bobagem ou enfrentar uma nova greve dos petroleiros, com prejuízo da ordem de R$ 1 bilhão por mês", disse ontem Marcelo Pimentel.
Apenas com o pagamento de dois salários adicionais, a título de reposição de perdas com o Plano Bresser, a Petrobrás deve gastar no mínimo R$ 360 milhões.
Beni Veras diz estar preocupado sobretudo com o precedente que se abre. O governo fica mais frágil para negar concessões semelhantes aos empregados de outras estatais.
Marcelo Pimentel discorda e diz que o governo não se obriga a dar o mesmo para estatais em situações diferentes.
Segundo Pimentel, a parte considerada substancial do acordo (Plano Bresser, estabilidade, garantia de não haver demissões arbitrárias) foi negociada com a autorização do próprio Itamar.

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sobre petroleiros à pág. 1-5.

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