São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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A invenção da roda

Em termos de processamento eleitoral, o Brasil ainda vive na Idade da Pedra. O pior é que esse atraso se traduz em fraudes, ou seja, na traição à vontade popular e, portanto, na afronta ao próprio princípio democrático.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a Justiça eleitoral se viu forçada a refazer a eleição para os cargos proporcionais tão escancaradas foram as fraudes ao processo. Também em outros Estados existem graves suspeitas de que a vontade dos eleitores foi desrespeitada, mas, sabe-se lá por que, deixou-se de convocar um novo pleito.
É evidente que essa situação precisa ser alterada. O caminho, não há dúvida, é a informatização da eleição, processo pelo qual se eliminariam escrutinadores e digitadores, reduzindo brutalmente as chances de alteração indevida da sentença das urnas.
É claro que informatizar todas as seções eleitorais do Brasil implica um custo significativo, mas a democracia, o pleno respeito à decisão de cada eleitor, é um valor absoluto, que não tem preço. De resto, como subproduto da informatização, haveria economia de recursos nas apurações, o que, em médio ou longo prazos, tende a compensar o investimento inicial.
Atente-se, além disso, para o fato de que, existindo um sistema rápido e fácil de consulta popular, ampliam-se os horizontes da própria democracia. Os governantes poderiam submeter, a baixo custo, propostas polêmicas à população, aproximando assim representantes e representados.
E, para que um sistema eletrônico de votação esteja à disposição dos brasileiros já na próxima eleição, em 1996, quando os eleitores escolherão os prefeitos e vereadores de suas cidades, é preciso que as primeiras providências sejam tomadas agora. A roda já foi inventada, só nos resta utilizá-la.

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