São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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O mundo em blocos

Um grupo de países que responde por metade do PIB do planeta planeja a criação de uma gigantesca zona de livre comércio no Pacífico; a Europa dos 12 caminha para tornar-se a Europa dos 15 ou 16 e o Mercosul e União Européia (UE) se reúnem para negociar relações de bloco para bloco. São eventos que vêm ressaltar a importância do movimento de formação de blocos comerciais e os desafios colocados pela nova realidade que se esboça no cenário internacional.
Na Indonésia, os 18 países da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico), que incluem EUA, Japão, Canadá, China, Austrália e Coréia, decidiram ontem liberalizar os fluxos de comércio, serviços e investimentos na região até o ano de 2020. Note-se que as reduções progressivas nas tarifas e barreiras tendem a estimular as transações dentro do bloco já antes do prazo previsto para o fim do processo.
Na Europa, Áustria, Finlândia e agora Suécia aprovaram a adesão à UE, o que adiciona cerca de US$ 520 bilhões (mais que o PIB do Brasil) à economia do bloco europeu em 95. A Noruega decide ainda este mês, mas depois disso a entrada de novos países deverá ser mais difícil, já que a maioria das economias restantes era de tipo socialista.
Pode-se argumentar que, face a titãs como a UE, o Nafta e mesmo o futuro bloco do Pacífico, o Mercosul representa algo como um prêmio de consolação para excluídos. Mas não se pode esquecer que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai juntos constituem hoje a quarta economia mundial, atrás apenas da UE, do Nafta e do Japão. Não é por outra razão que os europeus consideram o Mercosul como área estrategicamente chave e que os dois blocos se reúnem semana que vem para debater relações bilaterais.
É evidente que é com os grandes blocos do mundo rico que o Brasil terá maior proveito em negociar. Ainda assim, o bloco do Cone Sul, além dos benefícios intrínsecos que pode trazer (como revela o salto do comércio regional), serve também para dar mais peso aos seus membros diante de outros parceiros comerciais e mesmo em fóruns internacionais, vantagens que tendem a ser maiores quanto mais países aderirem. Nesse sentido, mesmo que com os olhos no Primeiro Mundo, quanto mais o Brasil avançar no sentido da integração aqui no Terceiro Mundo, melhor.

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