São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994 |
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As famílias
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO – Faltam ainda alguns dados essenciais, mas parece evidente que emergem das urnas dois países bem diferenciados. O Centro-Sul é o Brasil dos partidos e/ou personalidades políticas (se mais partidos ou mais personalidades é um tema que exige mais investigação e, por isso, fica para o futuro).Acima do Espírito Santo, é o Brasil das famílias políticas e do caciquismo. Na Bahia, por exemplo, Antônio Carlos Magalhães gaba-se de ter "dizimado" as oposições, o que é verdade. ACM fez o seu sucessor, na figura de Paulo Souto, fez do filho, Luís Eduardo, o deputado federal mais votado (117 mil votos) e ainda elegeu os dois senadores, embora um deles (Waldeck Ornellas) tenha a sua confirmação pendente de uma eventual recontagem dos votos. No Maranhão, mesmo sem dispor de dados que permitam uma previsão segura a respeito do nome do governador, a família Sarney confirmou sua força, ao eleger 13 dos 18 deputados federais maranhenses e os dois senadores. Na Paraíba, em outro exemplo eloquente, elegeram-se três membros da família Cunha Lima. Um, o ex-governador Ronaldo Cunha Lima, é agora senador eleito. Seu irmão Ivandro e seu filho Cássio elegeram-se para a Câmara Federal, o último deles com impressionantes 157.609 votos, o terceiro federal de maior votação, proporcionalmente ao eleitorado, do país inteiro. Os exemplos poderiam prosseguir até a exaustão. Servem, acima de tudo, para reafirmar o óbvio: por mais que se tenha modernizado nos últimos anos, o Brasil continua sendo um país profundamente oligárquico. Mesmo no Centro-Sul, há indícios abundantes a respeito. No Paraná, por exemplo, os Requião conseguem eleger um senador (Roberto, chefe do clã), um federal (Maurício) e um estadual. De qualquer forma, a consangüinidade (de fato ou política) é menos determinante do ponto de vista das eleições majoritárias na parte sul do país. É muito pouco provável que a modernidade econômica e social possa ser alcançada sem que ela invada também o território da política. Texto Anterior: Fúria nascente Próximo Texto: Câmbio e crescimento Índice |
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