São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Nilo admite que polícia executou 3 em favela

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio, Nilo Batista, reconheceu ontem que houve três execuções sumárias na operação que deixou 13 mortos na favela de Nova Brasília (zona norte) no di 18.
O diretor da DRE (Divisão de Repressão de Entorpecentes), Maurílio Moreira, que comando a operação, foi promovido (leia texto ao lado) e agora responde pelo DGPE (Departamento Geral de Polícia Especializada).
"Ao contrário do que dissemos no início, houve abuso durante a operação e três execuções sumárias", afirmou Nilo Batista.
A comissão que apurou a invasão na favela concluiu que houve execução com base em depoimento de moradores. Eles contaram que viram a polícia tirar pessoas vivas dos barracos.
Será aberto um inquérito na Delegacia Especializada de Torturas e Abuso de Autoridade para apurar se houve novas execuções e qual o motivo da invasão policial.
Laudos indicaram que nove dos mortos levaram tiros na cabeça. Segundo a corregedora de polícia, Martha Rocha, esse é um indício de que pode ser maior o número de execuções sumárias.
A comissão identificou um grupo de dez policiais da DRE que podem ser os autores das execuções. Eles serão investigados.
Dois policiais militares, identificados pelos moradores como responsáveis por três mortes, foram detidos. Os PMs não tiveram os nomes revelados.
Segundo Martha, eles entraram na operação à paisana. "Eles disseram que estavam passando e resolveram participar", afirmou.
A comissão começou a investigação pelo laudo cadavérico de um rapaz de 17 anos morto com dois tiros, um em cada olho.
Moradores confirmaram que ele e mais outros dois homens saíram de casa vivos. Um dos policiais militares foi identificado como autor de sua morte.
O governador Nilo Batista pediu que moradores da favela Nova Brasília que tiverem informações sobre a chacina procurem a Central de Denúncia, pelo telefone (021) 220-6442.

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