São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Abstencão cresce em todo o país; eleições polarizadas reduzem nulos

GUSTAVO KRIEGER
DA REPORTAGEM LOCAL

A participação do eleitorado caiu no segundo turno das eleições, realizado em 17 Estados e no Distrito Federal. Em todos eles a abstenção do eleitorado em 15 de novembro superou a do primeiro turno, em 3 de outubro.
A maior abstenção aconteceu no Pará, onde 42,1% dos eleitores não votaram no segundo turno. No interior do Estado, a abstenção chegou a 49%. No primeiro turno, a 32,1% dos eleitores paraenses não compareceram para votar.
Outros Estados que tiveram altos índices de abstencão foram Rondônia (39,3%), Maranhão (38,2%), Bahia (37,8%) e Amapá (33,2%).
Para a historiadora Maria Vitória Benevides, estes índices de abstenção mostram que a ausência dos eleitores não é provocada apenas pela falta de interesse na eleição.
"Analisando estes resultados, fica claro que a maior abstenção é exatamente a dos setores da população mais marginalizados, que têm maior dificuldade de chegar até as urnas", avalia a historiadora.
A cientista política Maria Tereza Sadek, diz que "em Estados como o Pará é mais difícil explicar a participação do eleitor, que viaja horas de barco para remar, que a sua ausência".
A menor abstenção do país aconteceu no Rio Grande do Sul, onde apenas 14,2% dos eleitores não votaram.
Em São Paulo, a abstenção foi de 14,6% e em Santa Catarina chegou a 15,4%. No Distrito Federal, 15,7% dos eleitores não votaram.
Voto Nulo
O percentual de votos nulos foi muito menor nos Estados em que a eleição estava polarizada, com dois candidatos em condições de vencer.
No Rio Grande do Sul, onde Antônio Britto (PMDB) obteve 49,5% dos votos e Olívio Dutra (PT) chegou a 45,3%, os votos nulos foram de 4,16% do total.
Em Santa Catarina e Sergipe, onde a eleição foi decidida por uma pequena diferença de votos, o percentual de votos nulos ficou abaixo de 4,5%.
Nos Estados em que as pesquisas apresentavam um favorito destacado, o percentual de votos nulos foi maior. Foi assim em São Paulo (12%), Rio (15%), Minas Gerais (9,7%) e Bahia (11,5%).
Para a professora Maria Vitória Benevides, como a cédula de votação no segundo turno era extremamente simples, caiu o percentual de eleitores que tinham os votos anulados por erros.
Sobraram os votos anulados por protesto ou desinteresse dos eleitores, "percentual que foi bem menos nas eleições polarizadas, onde o envolvimento dos eleitores era muito maior".
Colaborou a Redação

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