São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Arte nos anos 90 volta a ser expressão de mensagens

DA REPORTAGEM LOCAL

Na arte dos anos 90, a mensagem é o meio. Depois de décadas de abstracionismo e arte conceitual, a estética redescobre a crítica social e política –expressa de maneira direta ou metafórica, mas sempre inequívoca.
O modernismo, no início deste século, foi a busca de uma arte mais sintética e dinâmica, em que a sugestão é mais importante que o juízo, em que importa mais como se diz do que o que se diz. No fim do século, rompe-se esse princípio modernista. Arte e vida são a mesma coisa; tudo é ilusório, logo tudo está sujeito a interpretações, mas o importante é interpretar.
Esse espírito da arte atual se traduz à perfeição em mega-eventos, que atraem atenção imediata da mídia. Assim, na Bienal de Whitney (EUA) e de Veneza (Itália) em 1993, o que se viu foi um festival de instalações que emitem posições sobre diversos assuntos da pauta cultural dos anos 90: etnia, feminismo, Aids, ecologia etc.
Na 22ª Bienal de São Paulo, com 70 países representados, o foguetório de mensagens não é muito menor. Na faixa dos 25 a 45 anos, a maioria dos artistas faz trabalhos sustentados em temáticas.
O curioso é que tal posição multiculturalista envolve uma arte que tem muito em comum –que se concentra em ilustrar argumentos. A uniformidade na arte contemporânea é sua contínua afirmação das diferenças culturais.

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