São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Sakamoto abandona Oriente em novo disco

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

Ryuichi Sakamoto está aos poucos abandonando suas antigas experiências musicais e tenta hoje se firmar como uma estrela da música pop. Este é o caminho mostrado no novo disco do músico japonês, "Sweet Revenge".
Para promover o trabalho, Sakamoto está fazendo uma turnê européia que já passou por Londres e chegou a Milão (Itália) anteontem. Em Londres, Sakamoto apresentou um show requintado, com influências do jazz, soul e música popular brasileira.
"Sweet Revenge" começa com uma bela e curta música instrumental, "Tokyo Story", que mostra que as melhores qualidades de Sakamoto estão nas suas melodias compostas e tocadas ao piano.
O novo álbum segue com "Moving On", que inicia o lado pop do disco. A música tem um bom ritmo e lembra parte do trabalho mais acessível de Laurie Anderson.
"Regret" é uma típica canção para ser desfrutada em uma pista de dança. Mostra que Sakamoto realmente está interessado na música negra norte-americana e deve ter ouvido muito Prince ultimamente.
A mesma tendência é mostrada em "Pouding At My Heart", "Love And Hate" e "Same Dream, Same Destination". Nada que lembre as origens orientais do autor.
Bertolucci
No show apresentado em Londres, Sakamoto manteve a influência pop, mas mostrou também seu lado de pianista, que pareceu agradar mais o público inglês.
Foram utilizados três telões e 12 monitores de vídeo no palco. Eram apresentadas imagens diversas, desde ilhas gregas até dunas de deserto, o que resultou num belo espetáculo visual.
Suas trilhas sonoras ainda são a sua grande vitrine. O tema do filme "Furyo, Em Nome da Honra", seu maior sucesso até hoje, foi o número mais aplaudido.
Antes de apresentar a música título de seu novo disco, Sakamoto falou um pouco sobre Bernardo Bertolucci, diretor de "O Último Imperador", cuja trilha foi composta por ele.
Bertolucci pediu um tema muito triste para o final do filme. Depois de duas versões, o diretor reclamou com Sakamoto que sua música era triste, mas não tinha esperança.
Ele guardou então o tema para seu disco e lhe deu o nome de "Sweet Revenge" (Doce Vingança), dirigido claramente a Bertolucci.
Mas Sakamoto não pode, por causa disso, abandonar seu belo estilo de composição mostrado anos atrás. Ele pode ainda lhe ser muito mais valioso do que sua atual experiência pop.

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