São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994 |
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'Spellbound' deve tudo a Freud
DA REDAÇÃO Dr. Edwardes (Gregory Peck), um homem que se julga impostor, assassino e, para completar, não tem memória, talvez seja o personagem de Hitchcock que cumpriu mais sinuosamente a recomendação do cineasta de não ser preso.Em princípio, não pesa sobre o herói de "Spellbound" (Quando Fala o Coração) essa ameaça. Ao contrário, logo de cara chega para dirigir uma instituição psiquiátrica. Mas é, também, de todos os personagens hitchcockianos, o mais preso ao passado. Para sorte dele, Hitchcock queria fazer o primeiro filme piscanalítico da história. De modo que logo ele deitará em nada menos que o divã da dra. Ingrid Bergman, aliás Constance Petersen. Ela se empenha por todos os meios em chegar aos segredos que cercam a vida de Edwardes. Com a ajuda do roteirista Ben Hecht, freudiano apaixonado, o filme tem como maior mérito realizar uma perfeita identificação entre a cura psicanalítica e a ficção policial (gênero ao gosto de Freud). Por dois ou três motivos, o filme pode ser visto como menor na carreira de Hitchcock. É possível que tenha pesado nisso a excessiva fidelidade à psicanálise. Ou a escolha, para o papel central, de um Gregory Peck taciturno demais e ambíguo de menos. Com um Joseph Cotten em seu lugar, por exemplo, seria possível imaginar algo bem mais safado e, nesse sentido, mais hitchcockiano. Filme: Quando Fala o Coração Produção: EUA, 1944 Direção: Alfred Hitchcock Elenco: Ingrid Bergman, Gregory Peck Distribuição: Continental Home Video Texto Anterior: Hitchcock cria três variações sobre a culpa Próximo Texto: Garbo brilha em dois momentos Índice |
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