São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Fernando Morais troca roteiros por charutos

Autor de 'A Ilha' e 'Chatô' é fã dos 'puros' de Cuba

DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor Fernando Morais, 48, seguiu o conselho do cardiologista Adib Jatene. Deixou o vício do cigarro, que cultivou durante 32 anos, e o trocou pelos charutos.
"Puros" cubanos, é claro. O autor de "A Ilha", sobre Cuba, e "Chatô" é exigente: "Comparar charutos cubanos com os de outros lugares é o mesmo que comparar uísque escocês com os demais", afirma.
Leia trechos da entrevista de Morais à Folha sobre o mais famoso produto de Cuba:(CK)
Folha - Com que frequência o sr. fuma charutos?
Fernando Morais - Fumo regularmente. Gosto principalmente do "doble corona", com quase 20 cm de comprimento, e o "Churchill", um pouco menor. Digo por brincadeira que, para fumar "em jejum", o melhor é o "robusta", que tem a espessura do Churchill, mas mede 11 cm.
Folha - Quantos por dia?
Morais - Em geral, três. Um "robusta" no final da manhã, um "Churchill" ou "demicorona" depois do almoço e, depois do jantar, um "doble corona".
Quando estava por terminar "Chatô", tenso e ansioso, fumei uma média de cinco por dia.
Folha - Como o sr. se abastece de charutos?
Morais - Faço uma chantagem carinhosa com meus amigos que vão a Cuba e me pedem para que faça um roteiro pelo país.
Monto o itinerário ao gosto do freguês: o roteiro revolucionário, o de Hemingway etc., mas cobro uma espécie de cachê.
O pagamento é um lote de charutos comprado na Casa del Habano, uma unanimidade entre os especialistas. Pago pelos charutos.
O que faz os charutos cubanos serem os melhores?
Morais - Nenhum microclima de outro lugar do mundo conseguiu reproduzir a excelência das folhas de tabaco para a capa provenientes de Vuelta Abajo, na região de Pinar del Rio.
A capa, que é a folha que recobre o charuto, deve ter a textura da pele humana e, guardado devidamente, conserva essa suavidade por até dez anos.
Folha - Há alguma marca brasileira de sua preferência?
Morais - O único charuto que agrada ao meu paladar é o Menendez e Amerino, de uma família de cubanos radicada na Bahia.

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