São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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Jihad Islâmica monta um regimento suicida

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Jihad criou um regimento de suicidas. Fathi Shiqaqi, um dos líderes da organização, disse em entrevista ao jornal "Al Hayat", de Londres, que os 70 membros do regimento farão "operações de martírio" contra alvos israelenses nos territórios ocupados –mesmo os administrados pela Autoridade Palestina– e Israel.
"Não houve mudança na política da organização quanto a levar a cabo operações militares específicas contra a ocupação israelense", disse Shiqaqi. "Essas operações vão continuar no território autônomo. Depois de Gaza, nossa luta vai se encaminhar para outras áreas, porque nossa batalha contra a ocupação continua".
Shiqaqi disse que o confronto direto com a Autoridade Palestina não é do interesse da Jihad. "Nenhum de nós precisa desse confronto, mas não estamos dispostos a fazer compromissos em relação à nossa opção militar".
O fenômeno dos terroristas suicidas da Jihad e do Hamas substituiu aos esfaqueadores que atacavam judeus em Israel e nos territórios ocupados na década de 80.
Os suicidas atuais têm entre 16 e 23 anos. São desempregados, como cerca de 60% da população de Gaza, segundo as autoridades palestinas, e têm baixo grau de instrução, normalmente primário.
Segundo Anat Kurz, pesquisadora do Centro de Estudos Estratégicos de Tel Aviv, são jovens "que se acham em um estado de alma especial, entre a realidade negra e o brilho das promessas".
Os amigos da família de Isham Hamad, que morreu no ataque suicida de sexta-feira passada, consolaram a família com a imagem do mártir religioso. "Não digas que o 'shaid' (santo islâmico) morreu, pois vive com Deus", diziam, usando dito popular muçulmano.
Há até um ritual específico seguido pelo suicida. Ele deve se banhar, ir a uma mesquita e rezar "Rukahat Alshaid", a oração do mártir. Só depois se arma e parte para o ataque.

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