São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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Falta de dinheiro é ameaça, diz ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um alto funcionário da ONU e o presidente egípcio Hosni Mubarak disseram, horas antes do confronto em Gaza, que a falta de ajuda financeira à Autoridade Palestina estava criando condições para uma deflagração da região.
Se não houver mudanças imediatamente haverá mais assassinatos, mais sangue, disse Terje Larsen, enviado da ONU aos territórios ocupados em entrevista coletiva em Jerusalém.
Segundo Larsen, países doadores prometeram US$ 700 milhões em ajuda para a Autoridade Palestina em 94. Até agora, porém, só chegaram entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. A maior parte desse dinheiro foi usada em pagamento de pessoal e em custos operacionais. O único projeto desenvolvido é a limpeza de Gaza, que emprega cerca de 3.000 pessoas.
Minha opinião é de que tanto o processo de paz quanto a Autoridade Palestina estão perdendo terreno a cada dia e a razão é que quase nada foi entregue, disse.
Ele acha que os países ricos estão se perdendo na burocracia e planejamento de projetos de desenvolvimento de larga escala que levam muito tempo para se implementarem. A vaca está morrendo enquanto a grama cresce, disse.
Para o presidente egípcio Hosni Mubarak, o problema palestino ainda não está resolvido. Só porque um documento foi assinado, isso não significa nada.
Em entrevista ao jornal britânico The Times, Mubarak disse temer uma grande conflagração que afete toda a região do Oriente Médio. Meu medo é de que haverá em breve uma explosão em Gaza, mais perigosa do que o Afeganistão.
Mubarak incitou os países que prometeram dinheiro à Autoridade Palestina a se apressarem. Se começar uma guerra civil na palestina, o presidente egípcios acha que radicais muçulmanos de vários países iriam para Gaza lutar ao lado dos palestinos.
Sem dar uma esperança para os palestinos, Gaza pode se tornar uma base para desestabilização que afetará não apenas o Oriente Médio. Vai afetar a Europa. É muito fácil ir daqui para a Europa, especialmente havendo várias células de radicais na Europa, agora, disse Mubarak.

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