São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Arrecadação bate recorde em 2 anos

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo desestruturada e dividida, a Receita Federal conseguiu nos últimos dois anos o maior recorde histórico no volume de arrecadação de impostos e contribuições federais.
Desde janeiro de 1993 até agora, a arrecadação cresceu em média 23%. Nesse período, a participação dos tributos no PIB (Produto Interno Bruto, o total da riqueza produzida no país), saltou de 9,5% para 12,5%.
Apesar desses resultados positivos, a disputa de poder na Receita nas últimas semanas revelou ao público uma imagem diferente daquela cultivada até então.
O órgão forte e coeso, que demonstrava capacidade para enfrentar os sonegadores, passou a ser palco de uma guerra de denúncias de suspeitas de corrupção e divergências internas.
O alvo dessa disputa é o espaço no próximo governo. As deficiências são relativizadas perante a importância que o órgão deverá ganhar como fonte de recursos obtidos com o combate à sonegação.
A disputa é polarizada pelo atual e ex-secretário, Sálvio Medeiros Costa e Osiris Lopes Filho, respectivamente. Sálvio está restabelecendo o poder dos superintendentes regionais, anulado por Osiris.
Ao optar pela hierarquia tradicional, Sálvio acatou decisão do superintendente de São Paulo, Jefferson Salazar, de demitir a delegada da região sul da capital paulista, Rosa Defensor.
Defensor foi nomeada por Osiris e recebia do ex-secretário tratamento de superintendente. Salazar foi um dos poucos dirigentes da Receita que Osiris não conseguiu trocar durante sua gestão.
Mesmo com essas divergências, tanto os seguidores de Osiris como os de Sálvio são unânimes em apontar a autonomia da Receita como solução.
Segundo o presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais, Nelson Pessuto, "esta mudança no perfil da Receita é fundamental para implantar a justiça tributária".
Além das divergências internas, a falta de estrutura da Receita é outro problema do órgão. Existem apenas 7 mil fiscais para fiscalizar 3,9 milhões de empresas e mais 7 milhões de pessoas físicas, além de portos, aeroportos e fronteiras.

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