São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAF faz raio X do funcionalismo para FHC

SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe de transição do presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, ainda não sabe ao certo quantos funcionários públicos existem e já sabe que receberá a máquina administrativa desestruturada. O ministro da Administração Federal, Romildo Canhim, prepara um primeiro raio-x do funcionalismo para entregar ao presidente eleito.
O governo estima que 30% dos funcionários públicos do país são analfabetos –não assinam o nome ou não entendem o que lêem.
Nem mesmo o número de funcionários da administração direta federal é conhecido.
A estimativa, feita com base nos contra-cheques emitidos mensalmente, indica que há 586.900 funcionários civis ativos.
A SAF reconhece que o sistema de pagamento é vulnerável.
Para quantificar a mão-de-obra, a SAF promoverá, entre amanhã e 16 de dezembro, um censo do funcionários civis ativos. Muitos não têm registro no CPF (Cadastro da Pessoa Física) ou Pis-Pasep.
A Secretaria também aumentou o controle do sistema de pagamento, recadastrando e reduzindo o número de funcionários com acesso ao Sistema de Administração de Recursos Humanos, que controla o banco de dados de pagamentos.
A medida deverá evitar o gasto de R$ 135 milhões com pagamentos irregulares.
Ficará para o governo de FHC a tarefa de recadastrar os funcionários inativos e pensionistas. A análise qualitativa da mão-de-obra também terá de ser feita pelo próximo governo.
Atualmente, não se tem informação consolidada sobre a formação profissional do pessoal.
Sem este tipo de dado, segundo a própria SAF, é impossível remanejar funcionários para dar eficiência à máquina.
A má distribuição e a baixa remuneração contribuem para a desorganização do Estado. Dados da SAF indicam que 23,7% dos funcionários continuam no Rio de Janeiro –antiga capital Federal.
Apenas 10,85% dos 586.900 funcionários civis ativos estão em Brasília. A Enap (Escola Nacional de Administração Pública) avalia que serão necessários entre 4 e 10 anos para que se consiga montar um quadro funcional eficiente.
Uma das prioridades do governo FHC será investir no treinamento do pessoal. Para isso, pretende criar uma coordenação geral que centralize os órgãos de treinamento do governo, como a Enap, a Escola Fazendária e centros de treinamento do Banco do Brasil e do Banco Central.
Os órgãos continuarão a ter administrações próprias, mas seguirão as linhas mestras dos programas de treinamento.
A SAF está deixando alguns programas montados para tentar dar mais eficiência à máquina. O Sistema de Administração dos Serviços Gerais, que prevê o cadastramento de todos os fornecedores do governo para evitar superfaturamento nas compras, é um deles.
O Sistema de Organização e Modernização da Administração pretende disciplinar a distribuição de cargos e funções na máquina pública.

Texto Anterior: Carta prevê colaboração
Próximo Texto: Reformas se arrastam desde Figueiredo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.